Quem pratica esporte tem maior chance de desenvolver artrose?

O crescimento da população idosa é um fenômeno mundial, e no Brasil, as modificações ocorrem de forma radical e bastante acelerada. As projeções mais conservadoras indicam que, em 2020, o Brasil será o sexto país do mundo em número de idosos, com um contingente superior a 30 milhões de pessoas.

Ao passo em que a humanidade vai envelhecendo, doenças degenerativas tendem a ocorrer com maior frequência na população, dentre elas, a artrose, conhecida nos EUA como osteoartrite, e no Brasil, popularmente como desgaste articular.

Por definição, a artrose é uma doença de caráter inflamatório e degenerativo das articulações (juntas) do organismo, marcada pelo desgaste das cartilagens que revestem as extremidades ósseas, causando dor e podendo levar a deformidades. As articulações mais acometidas pela artrose são as que suportam peso, como a coluna vertebral, os quadris e os joelhos.

Com uma quantidade cada vez maior de pessoas praticando esportes em todas as faixas etárias e com um número cada vez maior de atendimentos em clinicas ortopédicas de doenças articulares degenerativas, uma pergunta tem intrigado a ciência: quem pratica esportes degrada mais rapidamente as articulações?

Buscando esta resposta, pesquisadores tem trabalhado com os chamados “Biomarcadores”, ou seja, produtos encontrados tanto no sangue quanto na urina que mostram a quantidade de cartilagem que esta sendo degradada. O que se sabe até agora é que pessoas que sentem mais dor e que têm artrose diagnosticada, têm realmente uma quantidade maior desses produtos em seu corpo.

Recentemente um estudo realizado pelo grupo de traumatologia do esporte da Santa casa de São Paulo (do qual eu faço parte) publicou um estudo mostrando que atletas de alto rendimento realmente degradam mais cartilagem.

Mas será que isso levaria a uma artrose precoce?

Se positivo, o que poderia ser feito para que esse processo de degradação fosse freado?

Estudos intrigantes realizados com voluntários submetidos à infiltração do joelho com ácido e hialurônico (viscossuplementação) mostraram redução significativa de biomarcadores quando comparados aos  que não receberam o produto.

Ilustração da infiltração no joelho com ácido hialurônico 

O uso desse produto seria realmente uma prevenção para que as pessoas não tivessem a artrose?

Enquanto a ciência não responde essas perguntas, sabendo-se que a artrose faz parte do processo de envelhecimento articular e que a maioria das pessoas são sintomáticas, mantém-se as dicas para um bom cuidado das articulações:

• Controle seu peso:  articulações como joelho podem receber de três a cinco vez o peso do individuo em uma aterrissagem por exemplo.
• Mantenha o fortalecimento e o alongamento direcionados para esporte que você pratica. Na corrida de rua, por exemplo, um bom trabalho de fortalecimento excêntrico do músculo anterior da coxa (quadríceps) aliado ao fortalecimento de grupos musculares do quadril são fundamentais.
• Evitar sobrecarga articular através de picos de treino, ou seja, exageros repentinos que podem fazer com que você exceda os limites fisiológicos da sua articulação.

Referências bibliográficas

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2. Le Pen C, Reygrobellet C, Gerentes I. 2005. Financial cost of osteoarthritis in France. The ‘‘COART’’ France study. Joint Bone Spine 72:567–570.
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4. Zhang W, Doherty M, Peat G, et al. 2010. EULAR evidencebased recommendations for the diagnosis of knee osteoarthritis. Ann Rheum Dis 69:483–489.
5. Zhang W, Nuki G, Moskowitz RW, et al. 2010. OARSI recommendations for the management of hip and knee osteoarthritis: Part III: changes in evidence following systematic cumulative update of research published through January 2009. Osteoarthritis Cart 18:476–499.

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