A condromalácia patelar é uma lesão muito frequente na população, especialmente entre as mulheres e pode comprometer tanto a performance esportiva, quanto a qualidade de vida de quem a possui. A palavra provém da aglutinação dos radicais chondros, cartilagem e malácea, amolecimento, traduzindo portanto um “amolecimento da cartilagem” da patela. A lesão é, portanto um amolecimento desta cartilagem, que pode evoluir para sua total destruição.

retorno esporte condromalácia batman

Sabe-se, desde a época de Hipócrates, que a cartilagem articular lesada tem potencial de cicatrização muito limitado. Isso se deve às propriedades histológicas do tecido cartilaginoso que, ao contrário da maioria dos tecidos do corpo, possui pouquíssimas células (hipocelularidade), não possui vasos sanguíneos (avascularidade), é aneural, ou seja, não possui terminações nervosas e é riquíssimo em água. Consequentemente, uma vez lesada, a reação inflamatória é muito pequena e a possibilidade de reparo, quase nula.

+ Condromalácia patelar: fatos e mitos

Seguem aqui 10 dicas para pessoas que possuem a lesão:

 

1 – Procure um bom profissional.

Hoje em dia, tanto a Sociedade Brasileira de ortopedia e traumatologia (SBOT), como Sociedade Brasileira de cirurgia do joelho (SBCJ) disponibilizam on line o rol de profissionais especialistas aprovados, portanto capazes de abordar melhor as doenças do joelho. Verifique o currículo do médico selecionado. Profissionais envolvidos em pesquisas, pós graduados e que façam parte de grupos de especialidade (ex: grupo de traumatologia do esporte da Santa casa de São Paulo) costumam aliar a ciência com experiência.

 

2 – A fonte da sua dor é realmente a condromalácia?

Imagens da ressonância magnética compatíveis com algum grau de degeneração cartilaginosa são muito comuns na população, especialmente em pessoas acima dos 30 anos. A grande maioria delas tem sintomas cartilaginosos!

Muitas vezes, a fonte da dor esta em outros focos como os tendões quadricipital, patelar, pata de ganso, trato iletibial, desequilíbrios musculares, etc. Novamente, um bom profissional é de suma importância para que o diagnóstico seja feito e o melhor tratamento seja instituído.

 

3 – Reveja seu treino!

Estatisticamente, a doença está ligada a erros de treino, principalmente entre corredores de rua que treinam sem um treinador especializado no esporte. Também é comum o fato do esportista se entusiasmar e aumentar subitamente a frequência, intensidade e duração do treino.

 

4 – O ácido hialurônico pode ajudar?

Nos últimos anos, com a melhor compreensão dos efeitos do ácido hialurônico na articulação, levou a ciência a pesquisa-lo melhor, principalmente entre atletas e esportistas com grande volume de treino.

Hoje sabe-se que o ácido hialurônico esta ligado a:

  • Redução da ativação de células inflamatórias responsáveis pelo desencadeamento da cascata inflamatória que causa destruição articular da artrose;
  • Estímulo da produção do próprio ácido hialurônico (endógeno), com melhoria da viscosidade do líquido sinovial;
  • Estabilização da degradação da matriz cartilaginosa;
  • Estímulo da produção de células cartilaginosas e do colágeno tipo II;
  • Ação direta e receptores de dor articular causando analgesia prolongada .

 

O resultado destes estudos levou a indústria farmacêutica a focar cada vez mais suas linhas de pesquisa na criação de produtos que pudessem cada vez mais melhorar esses efeitos e permanecer mais tempo na articulação recentemente produtos com concentração aumentada por cm3 e alguns contendo produtos como o manitol.

 

5 – Existe tratamento cirúrgico?

Apesar de ter indicação muito limitada, alguns pacientes, principalmente mulheres na 4.a década de vida com degeneração avançada da faceta patelar lateral da patela associada a hiperpressão lateral podem se beneficiar com o tratamento cirúrgico.

 

6 – Mantenha o peso controlado

Para se ter uma ideia, a cada passo a pessoa dá, duas a quatro vezes seu peso corporal é transmitida através da articulação do joelho. Assim, quanto mais você pesa, mais forte é o impacto em seu joelho. Estudos mostram que, ao se perder 10 kg de peso, reduz-se em ate 20% da dor para joelhos com artrose.

 

7 – Invista na reabilitação!

Os recursos de cicatrização e controle da dor da fisioterapia como a aplicação de laser e ultrassom são assenciais. Neste período, também se inicia a ativação muscular. Imprescindível, nesta fase a manutenção do arco de movimento das articulações e controle de edema. Importantíssima a manutenção da performance cardio-respiratória através da natação, deep-running, spinning ou cliclo-ergometro de membros superiors para que a perda da capacidade aeróbica seja minimizada.

+ 7 passos para um retorno seguro ao esporte após cirurgia no joelho

 

8 – Previna a recidiva!

Depois da melhora, fatores que predispuseram o indivíduo a lesão são avaliados e corrigidos. Envolve teste de força e equilíbrio musculares, teste de avaliação de pisada (Baropodometria) e testes funcionais biomecânicos. O fortalecimento muscular é intensificado e, se possível, acompanhado por um treinador, evitando-se sobrecargas. Inicia-se também o treino de agilidade motora, também chamado de pliometria baseado no gesto esportivo da atividade que o indivíduo pratica.

 

9 – Programe o retorno ao esporte!

Aqui, todo cuidado é pouco. Existe sempre uma grande ansiedade em ganho rapido de performance, mas, como dito acima, as alterações estruturais e metabólicas devem LENTAMENTE ser trabalhadas para que não haja sobrecarga.

Para avaliar a função cardio-respiratória, realiza-se o teste ergométrico ou ergo-espirométrico, realiza-se triagem metábolica e hormonal por testes laboratoriais, orientações nutricionias e a planilha de retorno ao treino é feita entre a equipe multidisciplinar e o treinador.

+ Retorno ao esporte após lesão: o desafio é possível!

 

10 – Ganhe performance

Aumento de volume e intensidade do treino são controlados e graduais. Idealmente, um profissional da equipe acompanha o treinamento e, com o passar do tempo, vai ocorrendo adequação nutricional ao gasto energético exames laboratoriais e cardiológicos regulares são realizados para se avaliar ganhos fisiológicos com o esporte na prevenção do overtraining.

 

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9 Comentários

  1. Há cerca de 3 anos fui diagnosticado com condromalácia patelar. Desde então tenho lido muito a respeito (graças a sites como o seu). No início, errei muito. Seja na escolha de profissionais (médicos e fisioterapeutas), seja na execução de determinados exercícios. Sinto-me melhor hoje do que antes, e devo isso a três fatores: 1) viscossuplementação; 2) pilates com foco em alongamento e equilíbrio; e 3) exercícios em academia obedecendo rigorosamente os ângulos permitidos para cadeira extensora, leg press e agachamento, e as cargas corretas (ao sinal de dor, recuo na carga). Em que pese toda a melhora, abandonei meu futebol, infelizmente. Grande abraço e parabéns pelo site.

  2. Quee materiiaa legal! precisava muito dessas 10 dicas para quem tem condropatia patelar. sou corredora amadora e descobri recentemente a condropatia. fiquei desesperada, ao pesquisar sobre etc. pensando na minha performace. estou voltando aos poucos e ainda tenho duvidas sobre o passecorreto. essa materia me ajudou em alguns aspectos de duvidas. Parabens ao Dr. Adriano pela explicação correta. infelismente nao tive essa explicação tao clara na minha consulta com um profissinal especialista em joelho.

  3. Boa tarde

    tenho condromalacia patelar grau II e gostaria de entender melhor sobre este assunto,
    pois venho sofrendo com dores frequentemente.

  4. Parabéns Doutor pelo seu trabalho e iniciativa em explicar detalhadamente sobre condromalacia. Infelizmente é difícil encontrar profissionais especializados e dedicados em passar todas as informações necessárias. Tenho condromalicia e tô pesquisando muito mais até hoje ainda não encontrei profissionais especializados para me ajudar.
    Parabéns Dr Adriano
    Vc é um profissional dedicado no que faz

  5. Caro Dr. Adriano,

    Em exame de imagem (RM) foi apontado condromalacia no joelho esquerdo, entretanto a dor de joelho que sentia e sinto e´semelhante nos dois joelhos. A RM também apontou tendinite nos tendões do quádriceps nos dois joelhos. É possível que o desconforto nos joelhos não tenham ligação com a condromalacia vista na RM.

  6. Excelentes dicas. Para um atleta ou esportista de alto nível, o mais difícil do tratamento é trabalhar bem o psicológico para evitar sobrecargas nos treinos de reabilitação.

    Parabéns pelos ricos conteúdos!

  7. Ótimas dicas . E importante termos em mente que as dicas são para auxiliar no levantamento de dúvidas, que serão apresentadas aos especilalistas. Abraços.

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