A história das sucessivas tentativas, de olhar através de um tubo iluminado, para dentro de uma cavidade natural, reporta-nos a Viena, a 1806 e a Phillip Bozzini. A esta atitude, que desde essa altura se tem vindo a desenvolver para atingir o interior das várias cavidades naturais e melhor as poder estudar, chamou-se em 1853, e possivelmente com Desormeaux, endoscopia.
Em 1934, M.S. Burman, médico em Nova Iorque, publicou um artigo em que se descrevia pela primeira vez e claramente definida, a técnica da artroscopia. A descrição sistemática da inspeção do joelho era apresentada com muita clareza, bem como, as principais complicações possíveis, resultantes da técnica. Burman propunha ainda, a utilização da solução de Ringer,uma espécie de soro para fazer a distensão articular, solução que apesar de ultrapassada, ainda hoje é usada por alguns cirurgiões. Como indicações de utilização prática, realçava o uso da artroscopia, nas artrites do joelho e avaliação de lesões meniscais.
Depois de 1950 e tal como no inicio, o maior ímpeto e desenvolvimento, surgiu no Japão e precisamente com um seguidor de Tagaki, o Prof. M. Watanabe. A publicação do seu primeiro atlas de artroscopia, foi um marco importante, bem assim como o aparecimento do seu artroscópio nº 21, em 1960, instrumento que pelas suas características se espalhou pelo mundo e veio a motivar inúmeros cirurgiões, a tal ponto que em 1973, surgiu o primeiro curso de instrução artroscópica. Este teve lugar na Universidade de Pensilvânia e o seu sucesso foi tão significativo, que logo no ano seguinte se realizou o segundo.
Assim chegou-se a 1978 e com O’Connor surgiram os primeiros cursos de cirúrgica artroscópica, que pela sua inovação renovaram o entusiasmo geral, já que apesar de vir a ser praticada há algum tempo, nomeadamente por Robert Metcalf, Lanny Johnson e J. Dandy, era desconhecida na sua quase totalidade, bem como o seu próprio armamentário (instrumental cirúrgico miniaturizado).
Com estes cursos, estava definitivamente implantada a artroscopia, como técnica de diagnóstico e cirúrgica, fundamentalmente. Desde então, a cirurgia artroscópica tem-se desenvolvido tão consistentemente, quer nas suas utilizações cirúrgicas, quer no aperfeiçoamento do seu instrumental, que cremos ser razoável afirmar, não ser possível a qualquer clínica ortopédica, deixar de a incluir na sua rotina diária de trabalho.
O Artroscópio
Fundamentalmente e apesar de pequenas variações existentes de marca para marca, o artroscópio é um simples cilindro, com uma lente de ampliação em cada extremidade. A lente colocada na extremidade articular é a objetiva e a da extremidade contrária, é a ocular. Estas duas lentes, entre si, são separadas uma da outra, por séries de lentes, que estão preparadas de forma a transmitir a imagem vinda da articulação para o olho.
Todo este sistema de lentes por sua vez e que ocupa a totalidade da extensão do artroscópio, é rodeado por finas fibras ópticas, meio de transmissão da luz, proveniente da uma fonte luminosa e fundamentalmente para a visualização do interior da articulação. A sua ocular, está estruturada e preparada para permitir a adaptação, a sistemas de registro de imagem. Os mais utilizados, são o vídeo e a fotografia. Aquele apresenta hoje pequeníssimas câmaras digitais, que fazem prever em futuro próximo a solidarização definitiva dos dois instrumentos.
Artroscopia do joelho: indicações, vantagens e complicações
As indicações para a prática da artroscopia do joelho estão hoje bem estabelecidas e são por isso bem conhecidas de todo o cirurgião ortopédico com adequada prática da técnica. De qualquer modo é importante salientar que a artroscopia, apesar de contribuir para o diagnóstico, não dispensa nunca a mais aturada avaliação clínica.
As principais indicações de artroscopia do joelho incluem:
• Rupturas de menisco;
• Lesão dos ligamentos cruzados anterior e posterior;
• Lesão cartilaginosa e osteocondral (osso e cartilagem);
• Corpos livres intra-articulares;
• Osteocondrite dissecante;
• Osteocondromatose;
• Artrite reumatóide;
• Sinovite vilonodular pigmentada;
• Hemangioma;
• Cirurgia da condromalácia patelar
• Tratamento da artrose.
Vantagens da Artroscopia do Joelho
A artroscopia do joelho é, sem dúvidas um procedimento mais simples, menos invasivo e provoca menos transtornos do que a chamada “cirurgia aberta, na qual pele, subcutâneo, cápsula articular são abertos. A maioria dos pacientes que é submetida à este procedimento recebe alta hospitalar horas após (day hospital), reduzindo os custos hospitalares e o período de afastamento das atividades profissionais e esportivas.
Complicações após Artroscopia do Joelho
São muito raras, se comparadas aos outros procedimentos ortopédicos e perfazem menos de 1% das cirurgias. Incluem trombose venosa profunda, sangramento articular, conhecida como hemartrose, infecção articular e artrofibrose, uma espécie de contratura articular com perda de movimento. Assim como qualquer outro procedimento cirúrgico podem ser evitados pelo treinamento do cirurgião e equipe e afastando-se fatores individuais predisponentes.