Um dos os maiores avanços da medicina esportiva atual está na melhor compreensão do comportamento do quadril nos esportes. O melhor entendimento da sua biomecânica e de como deformidades previas se comportam na execução do movimento, levaram à atual descrição de doenças como o impacto fêmoro-acetabular, lesão labral, tendinites glúteas profundas, bursites trocantérica, pubalgia.
Mas, falando do impacto femoroacetabular, trata-se de uma das patologias mais comuns no quadril. Porém, o impacto femoroacetabular não ocasiona apenas o desconforto, dores e limitações da articulação do quadril. Ele também pode, em determinadas condições, causar a lesão labral.
Ou seja, o impacto femoroacetabular é a patologia de base, em muitas situações.
Isso nos dá um cenário mais claro. Muitas vezes, o paciente chega ao consultório e temos um diagnóstico de lesão labral, mas a origem do problema é o impacto femoroacetabular. Se não houver um ajuste neste quadro, é bem possível que a lesão labral se torne mais extensa.
Mas antes de falarmos disso, é importante entender o que é de fato, o impacto femoroacetabular.
O que é o impacto femoroacetabular?
A articulação do quadril é classificada como bola e soquete. Os movimentos da articulação do quadril acontecem através de um “rolamento” entre a cabeça do fêmur e o acetábulo.
Quando este rolamento, onde não deveria haver atrito entre as estruturas ósseas, não acontece de forma funcional e equilibrada, temos um quando de o impacto femoroacetabular.
O resultado é um bloqueio mecânico dos últimos graus de movimento desta articulação. Como a região sofre constantes impactos, a região da borda lateral do acetábulo acaba sofrendo micro traumas. Isso pode causar tanto danos funcionais, como perda de força e mobilidade, dores e outros, até o desgaste da cartilagem, que causa as lesões labrais.
A articulação do quadril é do tipo bola e soquete e seus movimentos requerem rolamento da cabeça femoral no acetábulo. O impacto surge quando essa harmonia de movimentos é alterada, o que resulta em bloqueio mecânico dos últimos graus de movimentos da cabeça femoral, o que faz com que golpeie a borda lateral do acetábulo e cause micro traumatismos regionais. As estruturas mais afetadas são o labrum e a região anterolateral da cartilagem articular do acetábulo e as forças lesivas traduzem-se por compressão e cisalhamento.
De forma bem simplificada, é o impacto da cabeça (colo) do fêmur com o osso do quadril (acetábulo). No geral, o impacto femoroacetabular acontece por diversas razões e podemos afirmar que ele ocasiona um “encaixe” imperfeito entre o fêmur e o quadril.
Neste caso, há um impacto contínuo na borda do acetábulo.
Como o quadril é uma articulação extremamente móvel e com grande utilização no dia a dia, o impacto sequencial nesta região pode gerar lesões, dores e comprometimento do funcionamento normal da articulação.
Mas para chegarmos neste ponto, é importante entender que existem 3 tipos de impacto femoroacetabular (IFA).
Tipos de impacto femoroacetabular
Existem 3 tipos de impacto femoroacetabular e entender como cada um deles acontece, é fundamental para um diagnóstico, tratamento e retorno ao esporte adequado.
Impacto femoroacetabular tipo CAM ou “Came”
No caso do impacto femoroacetabular tipo CAM, temos uma espécie de “lombada” óssea próxima à cabeça do fêmur. Essa “lombada”, gera um impacto na borda do acetábulo, principalmente em movimentos de maior amplitude, como a flexão e rotação interna do fêmur.
No caso do impacto femoroacetabular tipo CAM, o atrito entre o fêmur e o acetábulo podem causar lesões na cartilagem medial do quadril, gerando lesões labrais na região.
Impacto femoroacetabular tipo Pincer
Se no impacto femoroacetabular tipo CAM é o fêmur que tem uma deformidade óssea, no Pincer o problema está no acetábulo. Neste caso, ele possui uma proeminência óssea na porção superior do acetábulo. O fêmur, ao rodar no eixo articular, acaba causando atrito, devido a esta deformidade óssea.
Impacto femoroacetabular misto
Este é o mais comum. No geral, há deformidades tanto no acetábulo, quanto na cabeça do fêmur.
É muito importante entender que estes tipos de impacto femoroacetabular devem ser o ponto de partida do diagnóstico e prevenção.
Cada um dos tipos de impacto femoroacetabular tem um tratamento diferente.
Tratamento do Impacto femoroacetabular
De maneira simplificada, o tratamento baseia-se na presença ou não de artrose no quadril e segue o seguinte algoritmo:
a) Articulação coxofemoral sem artrose e sem lesão de labrum
Podemos tomar uma conduta de apenas orientar a prática do esporte, evitando o impacto destas estruturas, como angulações de proteção de agachamento, melhoria da biomecânica da corrida, além de exercícios de fortalecimento de rotadores de quadril.
b) Articulação coxofemoral sem artrose e com lesão de labrum
Geralmente, realiza-se a artroscopia do quadril para a plastia (retirada da proeminência óssea) e sutura (costura) do labrum destacado. É o procedimento que chamamos de SALVAR O QUADRIL.
c) Articulação coxofemoral com artrose
Aqui realizamos o protocolo geral da artrose como emagrecimento, mudança do estilo de vida e tratamento sintomático como a viscossuplementação (infiltração com ácido hialurônico) do quadril e, em casos mais avançados e com perda acentuada da qualidade de vida, a Prótese do Quadril.
+ Infiltração articular do quadril de atletas
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