As lesões musculares são extremamente frequentes nos esportes, respondendo por 10 a 55% de todas as lesões esportivas.

Como sua cicatrização é realizada através do reparo e não da regeneração tecidual, seu tratamento é um grande desafio na medicina esportiva atual, podendo causar prejuízos de milhões de dólares anuais quando ocorrem em atletas de altíssimo rendimento em todas as modalidades esportivas, em especial no futebol.

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Estrutura e Função Muscular

Os músculos são estruturas cuja principal função está na realização de movimentos e na proteção de nosso corpo. Sua unidade funcional é chamada de fibra muscular. É justamente aí que ocorre a contração pela aproximação das cabeças de Actina e miosina. Os músculos unem-se aos tendões através de uma frágil estrutura denominada junção Miotendinea. Como veremos mais para frente, é justamente aí que ocorre a grande maioria das lesões. Além da contração, recentemente, uma função que tem sido estudada da musculatura da secreção de hormônios denominados Miocinas, em especial a Irisona e o BNDF. Eles estariam ligados ao aumento da capacidade cognitiva, melhoria da qualidade de vida, da virilidade e da prevenção de doenças.

Tipos de Fibras Musculares

De maneira básica e didática possuímos dois tipos de fibra muscular. A quantidade delas tem influência genética e do tipo de atividade física que praticamos durante nossa vida.

As fibras do tipo 1 são também chamadas de fibras de contração lenta ou fibras vermelhas. São utilizadas quando praticamos atividades físicas aeróbicas como a corrida, natação e ciclismo.

Já as fibras do tipo 2 são chamadas também de fibras de contração rápida estão ligadas às atividades onde a força empregada como por exemplo na musculação e no Crossfit.

Ação

Quando estudamos a biomecânica do movimento chamamos o músculo de Agonista quando ele executa um movimento, antagonista quando ele se contrai contra o movimento, modulando-o, sinergista quando ele ajudar o músculo principal envolvido no movimento e, fixador, o músculo que se contrai para fixar, estabilizar e proteger uma articulação.

Tipo de Contração

Como dito anteriormente, o músculo pode tanto executar, quanto modular o movimento. Chamamos de contração concêntrica aquela em que existe aproximação das articulações. A contração excêntrica ocorre quando estamos desacelerando. Essa é, de longe, a principal causa das lesões musculares indiretas conhecidas popularmente como estiramento muscular.

Finalmente, podemos também ter a chamada contração isométricas, na qual não existe nenhum movimento. É a base de determinados tratamentos e atividades físicas como o Pilates.

Fatores de risco

Medicina esportiva tem estudado diversos fatores que levam a lesão muscular e todo esforço realizado muito da prevenção. Os principais fatores que levam a uma lesão muscular são:

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  • Idade acima de 40 anos;
  • Sexo masculino;
  • Falta de condicionamento físico;
  • Falta de preparo para determinado esporte;
  • Má hidratação;
  • Abuso de álcool;
  • Falta de aquecimento previamente a atividade física;
  • Uso de determinados medicamentos, principalmente os redutores de colesterol da classe Estatina.

 

Tipos de lesão muscular

Didaticamente, dividimos os tipos de lesão muscular em traumáticas e atraumáticas:

Traumáticas

Contusão Muscular

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Ocorre quando existe um trauma agudo sobre o tecido muscular. Geralmente ligada à lesão de determinadas outras estruturas como pele, tendões e músculos. É o clássico chute que o adversário dá na perna do jogador de futebol. Em casos mais graves, pode haver complicação, sendo a principal dela chamada síndrome compartimental aguda, na qual o inchaço dentro da musculatura é muito grande podendo comprometer a circulação e a inervação do membro. Necessita de avaliação e tratamento urgente.

Outra complicação que pode ocorrer de maneira tardia, embora rara, é chamada de Miosite ossificante. Trata-se de ossificação do tecido muscular, cujo causas não são ainda conhecidas. Responde bem ao tratamento com uma medicação anti-inflamatória chamada Indometacina.

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Estiramento Muscular

É definido como uma força tensil abrupta aplicada sobre a musculatura. Acomete os músculos estão realizando a contração excêntrica, resistindo ao movimento. Os músculos que atravessam duas articulações denominados biarticulares costumam ser acometidos é o local de sua ocorrência é justamente na junção Miotendinea (onde os como encontrar o seu tendão). Exemplos de músculo biarticulares são o reto femoral (que compõe a musculatura anterior da coxa); os isquiotibiais (ou posteriores da coxa) e o gastrocnêmico (da Panturrilha)

O exemplo clássico desse tipo de lesão é quando o goleiro bater o tiro de meta, subitamente cai com a mão na região posterior da coxa. Quem costuma acompanhar partidas de futebol, certamente, já presenciou tal fato.

Atraumáticas

Cãibras

São também denominados de espasmos musculares. Estão ligados a diversos fatores como alterações da quantidade de sódio potássio e magnésio no sangue, reposição inadequada de líquidos durante atividade física, mau condicionamento físico, falta de aquecimento e, finalmente, problemas neurológicos.

Lesões por Over Use

Ocorre quando se faz uma atividade física acima da sua capacidade fisiológica. Em geral cometem corredores de rua, ultra maratonistas, ciclistas e corredores de aventura. Pode haver lesão muscular aguda ou degradação muscular levando à falência renal, condição conhecida como Rabdomiólise.

Sintomas

Quando temos uma lesão muscular sentimos dor imediata popularmente conhecida como fisgada ou pedrada, inchaço e hematomas que tendem a aumentar no decorrer do tempo e em capacidade de locomoção.

Muita gente acaba negligenciando os sintomas, forçando o retorno ao esporte no mesmo dia e, comumente, a lesão se agrava.

Classificação das Lesões Musculares: Quanto Tempo Leva para Curar?

De maneira didática classificamos as lesões musculares em 3 graus:

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Grau I

Ocorre um estiramento leve com apenas irritação das fibras musculares. Não existe formação de hematoma. O retorno ao esporte, após avaliação e tratamento ocorre de duas a três semanas, em média.

Grau II

Aqui já ocorre lesão parcial de algumas fibras com formação de hematoma em capacitação para atividades do dia a dia. Após avaliação e tratamento, o retorno ao esporte costuma ocorrer de seis a oito semanas.

Grau III

É a chamada lesão completa do músculo podendo haver formação de um gap, com retração dos cotos. Em alguns casos envolve tratamento cirúrgico. Após avaliação médica e tratamento possibilita retorno ao esporte de seis a nove meses, em média.

Cura da lesão muscular

Infelizmente, as lesões musculares cicatrizam através de um processo chamado de reparo, no qual existe a formação de cicatriz fibrótica entre os ventres musculares.

Trata-se de um processo lento gradual que envolve três fases:

  1. Fase de destruição – existe necrose e reabsorção do tecido lesado;
  2. Fase de reparação e regeneração- existe o início da fase de formação de cicatriz. Alguns estudos mostram que o uso de anti-inflamatórios nesta fazer pode aumentar o tamanho e a fragilidade desta cicatriz. Por esse motivo, seu uso tem sido cada vez mais contra indicado na fase aguda da lesão;
  3. Fase de remodelamento- É a fase final na qual já estamos preparando o atleta para o retorno ao esporte.

 

Diagnóstico: Como Identificar Uma Lesão Muscular?

O diagnóstico é dado através da história clássica de lesão. Os exames de imagem mais solicitados são o ultrassom, que tem a vantagem de ser rápido, barato e dinâmico e a desvantagem de exigir boa qualidade de quem o executa. É fundamental no acompanhamento da lesão.

Ressonância nuclear magnética é considerada padrão ouro, pois determina o local da lesão, a quantidade de fibras acometidas, eu volume do hematoma.

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Tratamento

O tratamento das lesões musculares deve ser iniciado o mais precoce possível.

Diversos estudos apontam que recursos da fisioterapia como a aplicação do ultrassom pulsado resultou em aceleração da cicatrização e menor cicatriz fibrótica.

No momento da lesão utilizamos a sigla do inglês PRICE, onde:

  • Proteção;
  • Respouso;
  • I gelo;
  • Compressao;
  • Elevação.

 

O gelo deve ser introduzido de 15 a 20 minutos, com intervalo de 30 a 60 minutos. O membro deve ser protegido através do uso de muletas. A imobilização deve ser realizada apenas em casos extremos. E, mesmo ser indicada, a mobilidade do membro deve ser alcançada o mais precoce possível. Vários estudos mostram que a mobilidade precoce está ligada uma melhor cicatrização e formação de tecido muscular.

Acompanhamento

Não existe na literatura o protocolo definido de acompanhamento da lesão. Pessoalmente, como se trata de uma lesão ligada à contração excêntrica, realizo o acompanhamento semanal através de testes irritativo os excêntricos associados a exame de imagem, preferencialmente o ultrassom realizado por o radiologista experiente de minha confiança. A ausência de sintomas nestes testes e imagens que demonstram a maturação da lesão sinaliza que o momento de retorno ao esporte está próximo.

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Retorno ao Esporte

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O retorno ao esporte após uma lesão muscular é considerado hoje um dos maiores desafios da medicina esportiva. O fato dos sintomas melhorarem não é, por si só, um indicativo de que o paciente está apto a retornar ao esporte. Ao analisarmos a biologia da cicatrização da lesão, sabemos que o alívio dos sintomas da-se logo nas primeiras semanas e que, apesar de não se sentir nada no dia a dia, a lesão ainda encontra-se em cicatrização. Isso faz com que a lesão muscular seja traiçoeira! Por isso, um retorno ao esporte não for bem planejado podemos ter a complicação mais temível da lesão muscular que é a recidiva. Quando ela corre, sabemos que a formação de tecido fibroso será cada vez maior, gerando perda de elasticidade aquele músculo e, consequentemente, aumentando cada vez mais o risco de uma nova lesão.

Por isso, o retorno ao esporte deve ser realizado de maneira individual e gradativa.

De forma geral os critérios de retorno ao esporte incluem:

  • Arco de movimento completo, sempre comparado ao contra lateral;
  • Força restabelecida em pelo -90% comparado ao outro membro;
  • Treinamento específico da modalidade sem dor.

 

Quando possível uma avaliação Isocinetica do membro deverá ser solicitada, pois o equilíbrio muscular, principalmente no membro dominante, está ligado a baixo índice de recidiva da lesão.

Finalmente, a transição retorno ao esporte deve ser feito por um profissional da educação física que preferencialmente esteja integrado à equipe de reabilitação. Este profissional aplicará os testes funcionais específicos do esporte que o paciente pratica e realizará a periodização do treinamento de retorno ao esporte gradual.

Novos tratamentos da lesão muscular

Plasma Rico em Plaquetas

Considerado experimental e autorizado pela ANVISA no Brasil apenas para fins de estudo científicos, a terapia teria resultados satisfatórios na formação de melhor tecido muscular e, segundo alguns estudos europeus.

Implante de células-tronco

O implante do aspirado de medula rica em células tronco, segundo alguns estudos, teria função na produção de tecido muscular. Os resultados dos estudos recentes são conflitantes.

Biomembranas

As biomembranas ou scaffolds têm sido amplamente estudadas para melhorar a regeneração muscular. Podem ser adquiridos a partir de diferentes tecidos biológico, como tecido dérmico suíno ou bovino, mucoso ou pericárdio. Estudos mostram serem eficientes, pois modificam o mecanismo de reparo tecidual, produzem menos tecido fibrótico e mais tecido muscular pode ser sintetizado.

Terapia de ondas de choque (TOC)

De maneira simples e didática, a terapia extracorpórea por ondas de choque (TOC) baseia-se na formação de uma onda acústica de pulso único, gerada por uma fonte eletromagnética, capaz de aumentar o fluxo sanguíneo no local do tratamento, induzindo um processo de cura mediado pela inflamação. Para a lesão aguda, não há estudos na literatura que utilizem essa modalidade terapêutica para o tratamento de lesões musculares; porem existem resultados animadores nas lesões crônicas.

Câmara Hiperbárica

Apesar de haverem poucos estudos a utilização do chamado oxigenoterapia hiperbárica estaria ligada a restituição do fluxo sanguíneo na área lecionada, acelerando a recuperação do músculo lesionado.

Tratamento cirúrgico das lesões musculares

As indicaçoes para o tratamento cirurgico das lesões musculares são raros, pois não existe nenhum estudo que comprove melhor restabelecimento da força nos casos onde a cirurgia é indicada. Alguns casos, porém, quando a lesão ocorre de maneira aguda na junção miotendinea, o tratamento cirurgico pode ter melhores resultados como nas lesões do bíceps do braço, peitoral maior, reto femoral e isquiotibiais.

Tratamento das Lesões Musculares Crônicas

Como dito anteriormente, uma lesão muscular crônica leva à perda da elasticidade do músculo, predispondo a dor de maneira crônica e episódios de re-lesão frequentes. Quando ocorre na inserção dos adutores da coxa, pode levar a desequilíbrio muscular em relação ao músculo reto-abdominal, predispondo à pubalgia.

Nestes casos, apesar de haverem poucos estudos, a utilização de recursos como a ifiltração da cicatriz guiada por ultrassom está ligada a bons resultados, pois a realização de micro-farturas no tecido cicatricial geraria reação inflamatória com consequente reabsorção e melhoria local da qualidade tecidual, alem do alívio de sintomas e retorno ao esporte.

Prevenção

A prevenção da lesão muscular envolve fatores como:

  • Treinamento e periodização para determinada modalidade esportiva: em outras palavras, quem joga futebol 1 vez por semana estaria em maior risco de quem joga mais vezes e pratica outros esportes;
  • Melhoria da hidratação previamente ao esporte;
  • Treino de musculação, visando a melhoria da contração excêntrica;
  • Melhor aquecimento antes do esporte, em especial em ambientes frios.

 

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