Os problemas de joelho são uma queixa comum em consultórios ortopédicos, mas você já percebeu que as mulheres parecem ser mais afetadas do que os homens? Seja em atletas de alto rendimento ou em pessoas que levam uma vida mais sedentária, as mulheres enfrentam desafios únicos quando o assunto é a saúde dos joelhos. Mas por que isso acontece?
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Neste artigo, vamos explorar os principais fatores que contribuem para essa diferença, desde características anatômicas e biomecânicas até influências hormonais. Além disso, discutiremos como a ortopedia e a medicina regenerativa podem oferecer soluções personalizadas para as mulheres, ajudando a prevenir e tratar lesões de forma eficaz.

Fatores anatômicos: a estrutura do joelho feminino
1. Tróclea displásica e ângulo Q
A maioria das mulheres nasce com uma região chamada tróclea um pouco mais displásica, ou seja, mal formada. Essa alteração, associada a uma patela mais lateralizada, gera o chamado Ângulo Q. Esse ângulo é maior nas mulheres devido à largura do quadril, o que pode comprometer a estabilidade do joelho.
- Consequências: um Ângulo Q aumentado coloca mais pressão sobre a patela, aumentando o risco de síndrome da dor patelofemoral e instabilidade patelar.

2. Alinhamento dos membros inferiores
O alinhamento dos membros inferiores nas mulheres tende a ser diferente do dos homens, com uma inclinação natural dos joelhos para dentro (valgo). Esse alinhamento pode predispor a lesões, especialmente em atividades que exigem mudanças bruscas de direção.

Fatores biomecânicos: movimento e estabilidade
1. Valgo dinâmico
Durante atividades como desacelerações ou ao descer escadas, a conexão entre quadril, joelho e tornozelo nas mulheres pode não ser tão eficiente. Isso frequentemente resulta no chamado valgo dinâmico, uma tendência do joelho “cair” para dentro.
- Impacto: o valgo dinâmico aumenta o estresse sobre o ligamento cruzado anterior (LCA) e a cartilagem patelar, elevando o risco de lesões como ruptura do LCA, condromalácia patelar e atrito da banda iliotibial.


2. Força muscular e controle motor
Estudos mostram que as mulheres tendem a ter menos força nos músculos do quadríceps e dos glúteos em comparação com os homens. Essa diferença pode afetar o controle motor e a estabilidade do joelho durante atividades físicas.
- Solução: programas de fortalecimento muscular e treinamento proprioceptivo são essenciais para melhorar a estabilidade e prevenir lesões.
Fatores hormonais: o papel dos hormônios na saúde do joelho
1. Influência dos hormônios na segunda fase do ciclo menstrual
Na segunda fase do ciclo menstrual, os níveis de estrogênio e progesterona flutuam, afetando a estabilidade e o funcionamento do joelho. O estrogênio, por exemplo, é um hormônio condroprotetor, ou seja, desempenha um papel fundamental na manutenção da saúde da cartilagem. Ele estimula a produção de colágeno e proteoglicanos, componentes essenciais para a estrutura e elasticidade da cartilagem. Com a queda do estrogênio durante a menopausa, a cartilagem fica mais vulnerável ao desgaste, acelerando o processo de artrose. Além disso, este hormônio influencia a elasticidade dos ligamentos e, por isso, quando seus níveis estão baixos, mulheres têm maior risco de lesões ligamentares, como a ruptura do LCA, durante essa fase do ciclo.
2. Menopausa e saúde articular
Com a chegada da menopausa, a queda nos níveis de estrogênio pode acelerar o desgaste da cartilagem articular, aumentando o risco de artrose. Além disso, a perda de massa óssea (osteoporose) pode afetar a biomecânica do joelho, predispondo a fraturas e lesões.

Lesões comuns no joelho feminino
1. Síndrome da dor patelofemoral
Também conhecida como “joelho de corredor“, essa condição é caracterizada por dor na lateral do joelho. É mais comum em mulheres devido ao Ângulo Q aumentado e ao valgo dinâmico.
2. Ruptura do Ligamento Cruzado Anterior (LCA)
Mulheres têm de 2 a 8 vezes mais chances de sofrer uma ruptura do LCA do que homens, especialmente em esportes que envolvem mudanças bruscas de direção, como futebol e basquete.

3. Condromalácia patelar
O desgaste da cartilagem da patela é mais frequente em mulheres devido à sobrecarga causada pelo valgo dinâmico e pelo Ângulo Q aumentado.

4. Artrose
A artrose no joelho é mais comum em mulheres, especialmente após a menopausa, devido à perda de estrogênio e ao desgaste acelerado da cartilagem.

Prevenção e tratamento: abordagens personalizadas
1. Fortalecimento muscular e treinamento proprioceptivo
Programas de exercícios que focam no fortalecimento do quadríceps, glúteos e músculos do core são essenciais para melhorar a estabilidade do joelho e prevenir lesões.
2. Uso de calçados adequados
Calçados com bom suporte e amortecimento ajudam a reduzir o impacto sobre o joelho durante atividades físicas.
3. Medicina regenerativa
A medicina regenerativa oferece opções inovadoras para o tratamento de lesões no joelho, como:
- Terapia com células-tronco: promove a regeneração da cartilagem e reduz a inflamação.
- Plasma Rico em Plaquetas (PRP): acelera a cicatrização de tecidos danificados.
- Ácido hialurônico: lubrifica a articulação e reduz o atrito entre os ossos.
4. Controle hormonal
Em alguns casos, a terapia de reposição hormonal pode ajudar a reduzir os sintomas da menopausa e proteger a saúde articular.
Como preservar a função do joelho ao longo da vida
As mulheres enfrentam desafios únicos quando o assunto é a saúde dos joelhos, devido a fatores anatômicos, biomecânicos e hormonais. No entanto, com uma abordagem preventiva e tratamentos personalizados, é possível reduzir o risco de lesões e manter a função articular a longo prazo.
Se você se interessou sobre o assunto e gostaria de saber mais sobre os fatores que influenciam a saúde do joelho da mulher, assista ao vídeo “Mulheres têm mais probabilidade de ter problemas no joelho”:








