Os músculos são os únicos geradores de força capazes de produzir movimento articular. Realizam contração convertendo energia química em trabalho mecânico. São 434 músculos, representando 40% do peso corporal; dentre estes, 75 pares de músculos estriados são envolvidos na postura geral e movimentação do corpo.
As lesões musculares são comuns nos esportes, com sua frequência variando 10-55% de todas as lesões. Mais de 90% delas são distensões musculares.
Quando um músculo é submetido a uma tração excessiva, há sobrecarga das suas fibras e a sua ruptura ocorre no ponto mais fraco: perto da junção entre o músculo e o tendão, conhecida como junção miotendínea.
São diversos os fatores que podem levar a uma lesão muscular. Saiba se você esta perto de sofrer uma e previna-se!
1. Você chegou aos 40!
O envelhecimento leva a alterações na estrutura da fibra muscular, com perda de água e redução da elasticidade, cuja consequência é uma incidência das lesões musculares mais alta nos “quarentões”.
2. Você pratica uma única modalidade esportiva apenas uma vez por semana
A prática regular de qualquer modalidade esportiva condiciona melhor o indivíduo, no sentido de fortalecer, alongar e melhorar a agilidade neutro-motora. Para atletas profissionais, o treino funcional e de resistência são hoje considerados imperativos na preparação física e prevenção de lesões. Por este motivo, estatisticamente, aquele futebolzinho às quintas-feiras com os amigos traz alto risco de lesão muscular.
3. Ficou muito tempo sem praticar absolutamente nenhum esporte, quer voltar a treinar e não considera necessária uma consulta pré-participativa com um médico do esporte
Em uma consulta pré-participativa, além da avaliação dos riscos cardiovasculares, outra grande função do medico do esporte está na prevenção de lesões. Além de avaliar o funcionamento dos grupos musculares e de aplicar testes funcionais para determinar a agilidade neuro-motora para o esporte que a pessoa quer praticar, sempre solicito o teste isocinético, cujo resultado traz a força, potência e resistência musculares e o equilíbrio entre os grupos musculares. O desequilíbrio muscular, principalmente no membro dominante é hoje considerado um dos principais fatores ligados à lesão muscular.
4. Você pratica esporte sem a orientação de um treinador
Treinar sozinho sem o planejamento seguro de volume e intensidades levam a erros da execução do movimento e em uma mudança brusca de direção ou em um SPRINT, existe grande chance da lesão ocorrer.
Indivíduos que treinam por conta própria também tendem a negligenciar o aquecimento prévio e consideram que 2 a 3 posições de alongamento são suficientes para a prevenção de lesões.
5. Acha que aquela “fisgadinha” que sentiu na semana passada e que melhorou com 3 dias de uso de antiinflamatórios é besteira e que sente-se pronto (a) para voltar a treinar
As lesões musculares são consideradas de difícil tratamento e não existe protocolo para retorno ao esporte. Suas altas taxas de recidiva levam muitos atletas, inclusive os mais famosos ao afastamento por muitas semanas ou meses. Em outras palavras: se você já teve a lesão a sua chance de uma nova lesão no mesmo local é muito grande.
Como a cicatrização da lesão ocorre por fibrose e a maturação e restabelecimento do grau de flexibilidade pré-lesão são muito individuais, todo cuidado no tratamento da lesão muscular é pouco.
O uso dos anti-inflamatórios na fase aguda da lesão (primeiros 5 dias) tende a ser proscrito, pois estariam ligados a uma cicatriz com mais fibrose e menos músculo.
6. Começou uma dieta por conta própria
Toda dieta deve ser individualizada e adequada ao exporte que você pratica. Ao passo em que você avança no ganho de condicionamento físico e rendimento, ela deve ir sendo modificada. Dietas inadequadas podem levar a carências de micro e macro nutrientes com consequentes perda de massa muscular (sarcopenia). Isso, quando associado a uma hidratação inadequada, tanto pré-participativa, quando durante o treino, podem levar a lesão muscular.
7. Faz uso de determinadas medicações
Apesar de controverso, alguns remédios de uso diário poderiam predispor a lesão muscular. A classe denominada estatinas, utilizadas no controle do colesterol tem sido apontada por alguns autores como a principal droga ligado ao enfraquecimento e ruptura muscular.
Por este motivo, seu uso deve ser monitorado em atletas e esportistas e seu uso não deve nunca ser descontinuado sem a orientação de um cardiologista.
8. Você não dorme direito
Falta de sono gera estresse e vice-versa. O estresse está baseado, entre outros, na ativação do sistema hormonal hipófise hipotálamo (com a secreção do hormônio adrenocorticotrófico), que ativa a glândula supra-renal, desencadeando uma secreção de hormônios glicocorticoides, como cortisol (formado a partir do ACTH). O cortisol aumenta a quebra de proteínas nos músculos, ossos e nos tecidos linfáticos, além de inibir a síntese proteica. Músculos mais fracos, em tese, teriam maior predisposição à ruptura.
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