Uma plica sinovial é uma membrana que todos temos nas regiões superior, interna e externa de nosso joelho. Este tecido começa a involuir (dobrar para dentro) em 8-12 semanas de crescimento fetal e, eventualmente, é reabsorvido.
O movimento do feto no útero contribui para essa reabsorção. No entanto, em muitos indivíduos, este tecido não é totalmente reabsorvido e o resultado é a formação da plica. Estima-se que a plica esteja presentes em cerca de 50% da população.
Quando a plica sinovial causa problema?
Síndrome da plica sinovial ocorre quando há invaginação da membrana que recobre a região patelar. Ao analisar a região anatomicamente, dentro do joelho, ela passaria na região lateral à patela e desce bem próximo na inserção do tendão patelar.
Em geral, a Plica Sinovial costuma inflamar naquelas pessoas que praticam esporte cíclico como a corrida, corrida de montanha ou que começaram a jogar futebol após muito tempo parado e sem muito preparo muscular.
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Há uma sobrecarga no músculo da coxa anterior, chamado quadríceps, o mau funcionamento dele, o mau posicionamento da patela durante a prática esportiva que começa a irritar gradativamente essa Plica Sinovial e dá início ao aparecimento dos sintomas clássicos.
Inicialmente, o primeiro sintoma é uma dor na região dentro do joelho bem próximo ao tendão.
O paciente costuma apontar geralmente o pontinho da região dentro do joelho e a dor começa com um desconforto, intermitente que vem e vai e lembra bastante a dor em progressão do menisco.
Se não houver o tratamento adequado para melhorar o joelho, há o aumento dessa dor e dá início às crises de inchaço no joelho, o chamado derrame articular.
Com a progressão da Síndrome o paciente começa a sentir um ressalto, além de um “click” audível no joelho. Nesse caso, já é uma fase final da doença na qual a Plica Sinovial já está espessada, já está interposta, já está entre a patela e o fêmur e nesse patamar dificilmente é possível um bom controle com o tratamento não-cirúrgico.
O diagnóstico é feito com bastante critério. É muito importante fazer um bom exame físico do paciente para chegar a uma conclusão. Existe um teste diagnóstico clássico no qual ao deixar a perna do paciente flexionada a 90 graus, rodar a tíbia para dentro e junto ir estendendo a perna é possível sentir a Plica espessada na região de dentro do joelho. É possível sentir o chamado “snap”, o ressalto.
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Para realmente fechar o diagnóstico, o exame de imagem clássico que é solicitado é a Ressonância Magnética principalmente no que chamamos em corte axial. É possível ver na Ressonância a Plica Sinovial espessada na região de dentro do joelho interposta entre a patela e o fêmur e, em estágios avançados, o inchaço, o excesso de líquido dentro do joelho. É possível ver também a lesão cartilaginosa secundária.
O tratamento inicialmente é basicamente realizado com uma boa fisioterapia e reabilitação.
A musculatura anterior, o quadríceps, geralmente está enfraquecida e muito mal ativada então é muito importante o trabalho do fisioterapeuta junto a um fortalecimento e ativação muscular.
É possível haver casos refratários em que há a queixa de inchaço de forma frequente em paciente com difícil controle.
Tratamento
Drilling guiado por ultrassom
Para tratar, é possível fazer uma infiltração de corticoide entre a articulação ou fazer uma infiltração na Plica Sinovial guiado por ultrassom com resultados excelentes a médio e longo prazo. A grande vantagem da técnica é se ter acesso pleno à estrutura. Durante o procedimento, a plica sinovial é repetidamente perfurada e produtos como o corticoide são injetados visando sua necrose e consequente involução.
Tratamento cirúrgico para a plica sinovial medial
Em último caso e em casos refratários, é uma possibilidade fazer a retirada da plica sinovial através de uma Artroscopia. Usa-se uma lâmina chamada Lâmina de Shaver para fazer a retirada completa e fazer toda a caracterização do trajeto.
Na cirurgia, inicia-se com a Artroscopia ao ver a Plica Sinovial e usa-se o instrumento chamado Probe para ver se está fibrosada. Ao usar a Lâmina de Shaver que é uma lâmina giratória, é preciso tomar cuidado pois logo atrás já tem o retináculo medial. Tira-se a membrana e a Plica Sinovial analisando a espessura e analisando as estruturas adjacentes para não lesar. Tira-se a gordura local também. Para prevenir o sangramento, o cirurgião entra com o eletrocautério em toda a extensão da Plica Sinovial.
O período pós-operatório envolve um bom trabalho de fortalecimento, um bom trabalho neurossensoriomotor de ativação muscular e envolve um bom trabalho de transição ao retorno do esporte. As taxas de retorno do esporte são altas em quem tem a Síndrome da Plica Sinovial e passou por um tratamento cirúrgico ou não.
Após a cirurgia o nível de recidiva é praticamente nulo e pode acontecer em alguns casos principalmente se houver uma formação de uma fibrose no local onde estava a Plica. Para isso existem alguns recursos durante a cirurgia no qual se faz a cauterização. Um bom trabalho de fortalecimento muscular e uma boa educação muscular também são essenciais. Seguindo isso, é possível recolocar as taxas em baixíssimos níveis de recidiva.
Falei, neste vídeo, de forma mais profunda sobre a plica sinovial medial do joelho. Se inscreva no meu canal!