A lesão dos ligamentos do tornozelo é uma entidade comum em esportes que envolvem saltos, aterrissagem, mudança brusca de direção, e destacamos aqui o Tênis.
Anatomia
Fazendo uma revisão da anatomia do tornozelo, existem dois complexos: um lateral (externo) e um medial (interno). No complexo interno existe o ligamento deltóide que possui dois folhetos: um interno e outro externo. O folheto externo é composto pelos:
Ligamentos Calcâneo Fibular
Talo Fibular Anterior (mais comum de ser lesionado)
Talofibular Posterior .
Logo acima existe o complexo Sindesmose Tíbio-fibular que liga a tíbia e a fíbula e permite movimentos ântero-posterior e de pistoneamento.
O que causa uma entorse?
A mudança brusca de direção, por exemplo, ao jogar futebol em que o adversário com a chuteira acaba fazendo uma “entrada” e segurando o jogador pelo pé, causando a lesão. Existe um movimento de inversão ou eversão do pé. Uma bailarina que pousa errado. Um atleta jogando tênis que faz movimentos de freadas e acelerações de maneira errada. São exemplos de situações que geram essa lesão.
O que fazer após uma entorse de tornozelo?
Existe uma sigla americana chamada PRICE que significa:
Proteção
Repouso
I de “ice” – gelo em português
Compressão
Elevação
Ao torcer o joelho, independente de como ele está, é importante fazer tudo isso e procurar um serviço médico o mais rápido possível para ser avaliado.
Na avaliação médica inicial, vemos alguns sinais e sintomas. Obviamente, quanto mais grave a lesão e se estiver associado a fratura ou outros tipos de lesões, a tendência é o tornozelo estar cada vez pior.
Os sinais e sintomas mais comuns de aparecem na Entorse de Tornozelo são:
Inchaço ou edema (que pode até acometer os dedos do pé);
Hematoma;
Formigamento;
Perda de sensibilidade nos pé.
Além de fazer o exame físico, o médico avaliará a necessidade de alguns exames de imagem. O principal é a radiografia para descartar se existe ou não fratura. Nela também conseguiremos avaliar o quinto metatarso que é o osso que o jogador Neymar fraturou e local de frequente lesão e fratura após a entorse.
A ressonância magnética é um bom exame para avaliar os ligamentos e determinar se houve de fato a lesão ligamentar. Esse exame avalia também se existe ou não alguma lesão de cartilagem e o grau dessa ruptura.
Classificamos as lesões dos ligamentos do tornozelo em:
Leve;
Moderado ;
Grave.
Grau I:
OU leve, o mais comum, é quando existe apenas o estiramento do ligamento e não chega a existir o rompimento. O inchaço e a dor são menores e a incapacitação também é menor.
Grau II:
Ruptura parcial, não completa dos ligamentos. O hematoma e o inchaço tendem a ser um pouco maiores.
Grau III:
Ruptura completa dos ligamentos. Aumento do hematoma. Frequentemente lesada a cápsula articular que gera um edema maior. Incapacitação grande para as atividades do dia a dia.
O tratamento inicial deve seguir algum protocolo. É imprescindível para qualquer grau de lesão que não haja negligência. É muito importante mobilizar com qualquer que seja acessível. A mais comum e mais fácil de utilizar é o Robofoot. Esse aparelho de imobilização é um pouco permissível para fazer as atividades diárias, como tirar para tomar banho, dormir, mas deve ser muito bem utilizado.
Os métodos de imobilização, seja o gesso, tala, robofoot ou seja o que for, a depender do jeito da pisada no chão e utilização, o ligamento pode ter uma cicatrização alongada gerando instabilidade e o aumento da chance da necessidade de um tratamento cirúrgico.
O tempo de imobilização é de, no mínimo, 15 dias. Depois, prosseguiremos com reavaliação e sessões de fisioterapia.
É muito importante para atletas e pessoas que praticam atividades físicas com regularidade, que a partir do momento que você torceu o tornozelo e vai ficar parado dos esportes, assim como em outra qualquer lesão ortopédica, haverá perda de capacidade cardiorrespiratória. Por isso, é tão necessário que o médico do esporte saiba prescrever exercícios cardiovasculares para que a pessoa tenha o mínimo de perda possível.
- A natação com flutuador;
- Deep Running com imobilização;
- Ciclo-ergômetro de braço;
- Remo.
É importante que mesmo com o tornozelo imobilizado o atleta tente fazer alguma atividade cardiorrespiratória.
O tratamento cirúrgico para lesão dos ligamentos do tornozelo indicado é:
- Atletas profissionais:já que o atleta não possui muito tempo disponível para fazer a reabilitação de forma conservadora. Ao indicar o tratamento cirúrgico para um atleta profissional, fazemos um Reparo do Ligamento onde abrimos e costuramos o ligamento com ou sem recursos degenerativos como a célula tronco, por exemplo.
Outra indicação do tratamento para lesão dos ligamentos do tornozelo cirúrgico é:
- Lesão na cartilagem do tornozelo – se existir uma lesão osteocondral associada, pode ser que seja necessário um tratamento cirúrgico.
- Fraturas – quando temos uma lesão de ligamento grave associada a uma fratura em qualquer região do tornozelo ou do pé, frequentemente é necessário a operação para solucionar os dois casos. Saiba mais sobre: o tratamento para fraturas de stresse.
O que acontece se não fizer o tratamento do ligamento do tornozelo?
Na maioria das vezes quando ocorre lesão ligamentar do tornozelo tem uma evolução boa mesmo sem um tratamento adequado. Por esse motivo algumas pessoas que não seguem direito o tratamento ou o negligenciam, fazem a pisada antes do tempo e começam a ter entorse de repetição, sabe-se que esse ligamento irá cicatrizar cada vez mais alongado e pode levar a uma instabilidade crônica. Nesse caso, é indicado o tratamento cirúrgico e faremos a fixação do Ligamento Talofibular Anterior através de âncoras, preferencialmente as chamadas bioabsorvíveis. Essas âncoras são compostas por um material de hidroxiapatite e ele consegue fixar no osso sem a necessidade de um metal, o que poderia gerar uma reação de corpo estranho.
Tanto o tratamento cirúrgico quanto não-cirúrgico envolve um bom período de reabilitação para ganho de agilidade neuromotora.
RETORNO AO ESPORTE APÓS A LESÃO DO LIGAMENTO DO TORNOZELO
O retorno é gradual e obviamente quanto menor o grau da lesão, mais rápido é o retorno às atividades físicas. Deve ser feito com auxílio de uma equipe multidisciplinar que envolve: educador físico, fisioterapeuta, que avaliarão o grau de função do tornozelo através dos testes funcionais e a partir disso começa o treino de agilidade neuromotora.
A partir do momento que a pessoa estiver totalmente sem dor e com boas respostas nos testes funcionais, inicia-se a re-introdução ao esporte de forma graduada.