Se você ou alguém próximo sofre com dores nas articulações, rigidez ao se movimentar e dificuldades para realizar atividades do dia a dia, é provável que já tenha ouvido falar sobre a artrose. Mas será que essa doença tem cura? Com tantas informações circulando por aí, pode ser difícil separar os mitos da realidade.
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Aqui te mostrarei as opções de tratamento mais modernas, entender como a ciência tem avançado no combate ao desgaste articular e descobrir se existe, de fato, uma solução definitiva para a artrose.
MAS AFINAL, O QUE É A ARTROSE?
A artrose, também conhecida como osteoartrite, é uma das doenças mais comuns em toda a população mundial. Por ser uma doença de caráter inflamatório e principalmente, degenerativo, é natural que com o passar do tempo, qualquer pessoa venha a desenvolver algum nível de artrose. Sim, todas as pessoas vão desenvolver, com o passar do tempo, algum nível de artrose. Por isso, a pergunta do título deste texto, é tão importante: Artrose de joelho tem cura?
A resposta é sim. Mas não ache que será uma cura simples, rápida e com os mesmos protocolos para qualquer pessoa.
É preciso entender que a cura da artrose envolve não o desaparecimento completo da doença, mas sim, uma adaptação de estratégias, que vão minimizar os efeitos dela, mantendo a qualidade de vida do paciente.
Naturalmente, a cura para a artrose no joelho envolve uma visão muito individual de cada paciente e envolve um tratamento multifatorial. Histórico familiar, nível de atividade física e memória muscular, progressão da doença, fatores agravantes como peso excessivo, fumo, maus hábitos alimentares e muitas outras variáveis.
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O QUE É CARTILAGEM?
Antes de respondermos a pergunta central, é importante lembrar que a cartilagem é um tecido composto por quatro camadas e funciona como uma grande almofada entre os ossos, absorvendo energia cinética e transmitindo-a para a estrutura óssea. Um grande problema da cartilagem é que ela possui poucas células e muita matriz extracelular, tornando-se um tecido com baixo potencial de regeneração natural.
Além disso, com o envelhecimento, é comum que todos desenvolvam algum grau de degeneração articular. Aos 60 anos, por exemplo, a maioria das pessoas já apresenta sinais de desgaste, mesmo sem sintomas. Quando isso se agrava, chamamos de artrose, que é o estágio final da degeneração cartilaginosa.
TRATAMENTOS PARA ARTROSE DE JOELHO
A artrose é muito ampla. Por se tratar de um desgaste cartilaginoso, temos de entender que esta estrutura, por si só, tem um potencial regenerativo muito baixo.
Porém, a cura da artrose pode se dar por diferentes abordagens. As abordagens de tratamento, no geral, são:
TRATAMENTOS CONSERVADORES
1. ELIMINAÇÃO DA INFLAMAÇÃO (ELIMINAÇÃO DA DOR E DO INCHAÇO)
Este é o ponto de partida. Neste caso, o trabalho conjunto entre o médico ortopedista especialista em joelho e da fisioterapia, é fundamental. Na maior parte dos casos, a artrose se apresenta com sintomas de dor e inchaço que impossibilitam a mobilidade e compromete as atividades diárias do paciente.
Neste caso, devemos trabalhar, na maioria dos casos, com drenagem do líquido que causa as dores e a analgesia.
Para isso, são utilizados anti inflamatórios comuns e infiltrações articulares com corticoides e ácido hialurônico (também conhecida como viscossuplementação). Esses procedimentos ajudam na diminuição do processo inflamatório e consequentemente no alívio da dor. Naturalmente, esta é uma solução paliativa, que vai tratar diretamente dos sintomas e não propriamente da causa.
2. AVALIAÇÃO COMPLETA DO PACIENTE
Há diferentes tipos de artrose. Ela pode ser monocompartimental (ou seja, em apenas uma porção da articulação) ou multicompartimental (onde mais locais da articulação apresentam degeneração).
Além disso, fatores como amplitude de movimento da articulação afetada, histórico familiar, nível de memória muscular, idade, sexo, hábitos alimentares, sono e muitas outras variáveis, precisam ser avaliadas.
Não há como traçar um bom plano de tratamento para a artrose, sem avaliar o paciente como um todo. Além disso, é muito importante também estabelecer uma boa avaliação biomecânica, ou seja, se há alguma alteração anatômica que faça com que haja sobrecarga em determinada região do corpo, como o geno valgo ou o valgismo dinâmico, muito comum em mulheres, por exemplo.
O joelho valgo causa um desvio no eixo articular, o que gera maior sobrecarga em determinada região do joelho, fazendo com que haja um maior desgaste da cartilagem.
A cura da artrose de joelho (ou de qualquer outra articulação), passa, necessariamente, pela melhora dos eixos articulares, eliminando desvios. No caso do joelho, desvios como dinâmicos, por exemplo, podem causar artrose, pela compressão focada de determinados pontos da cartilagem.
3. FISIOTERAPIA E FORTALECIMENTO MUSCULAR ADEQUADO
Em casos mais leves de início da artrose, é possível estabelecer um tratamento que será feito com base em fisioterapia e fortalecimento muscular.
Primeiramente, a fisioterapia atuará, em grande parte dos casos, como analgesia, ou seja, alívio de dor. A partir do momento em que o paciente não sentir mais dor, o procedimento padrão é o de desinibição da musculatura do quadríceps. Esse processo de inibição dos músculos da região da frente da coxa causa um enfraquecimento da musculatura, o que piora ainda mais o quadro de artrose.
Os músculos do quadríceps são importantes para a estabilização da articulação do joelho.
Quando o joelho do paciente com artrose incha, o derrame articular causa a liberação de substâncias nocivas a cartilagem e que tem efeito catabólico (diminuição) nos músculos. Ou seja, os músculos perdem potencial de força e contração.
Após a fisioterapia desinibir esta musculatura, passamos para o tratamento com base em movimento, melhora da mobilidade e reequilíbrio postural e muscular. Apenas após o paciente passar por estas fases é possível o seu retorno ao esporte, através do fortalecimento muscular adequado e personalizado.
4. NUTRACÊUTICOS
A utilização e nutracêuticos, como condroitina, glicosamina, colágeno tipo II entre outros, também é aplicado no processo de tratamento da artrose de joelho. Porém, é muito importante entender que as evidências científicas são baixas no que diz respeito ao uso dos nutracêuticos para a artrose.
GLICOSAMINA, CONDROITINA E COLÁGENO TIPO 2
Esses são os suplementos mais populares nesta categoria.
- Estudo GAIT (2006): Concluiu que 20-30% das pessoas que tomaram glicosamina e condroitina tiveram melhora, mas os resultados foram semelhantes ao placebo, ou seja, não provaram evidência científica desses suplementos.
- Revisão da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia: Também confirmou que os resultados são equivalentes ao placebo.
- Colágeno Tipo 2: Alguns estudos sugerem uma leve superioridade em relação à glicosamina e condroitina, mas ainda assim, os resultados são considerados semelhantes ao placebo.
Dessa forma, a maioria dos estudos sérios, sem influência da indústria farmacêutica, indica que esses suplementos não são tão eficazes para a regeneração da cartilagem. No entanto, o colágeno tipo 2 hidrolisado, se mostrou mais eficaz do que a glicosamina e a condroitina.
Na imagem vista ao microscópio óptico, observa-se as fibras de colágeno tipo 2, presentes no tecido cartilaginoso, essencial para a manutenção da cartilagem sadia.
5. INFILTRAÇÃO COM ÁCIDO HIALURÔNICO (VISCOSSUPLEMENTAÇÃO)
A infiltração com ácido hialurônico, também conhecida como viscossuplementação, tem como objetivo aumentar o espaço entre os ossos, nas áreas onde já não há cartilagem. O ácido hialurônico é uma substância gelatinosa, que quando aplicada da forma correta, aumenta o amortecimento dos impactos ósseos das áreas afetadas, lubrifica e tem o chamado efeito biológico: segundo a maioria dos estudos, teria poder em penetrar na cartilagem lesionada, reduzir a morte celular, ajudar na reorganização do “colchão” da cartilagem chamado de matriz extracelular, rico em colágeno tipo II e Glicosaminoglicanas, além de “ensinar” nossas articulações a fabricar um líquido sinovial mais viscoso, semelhante ao original de antes da artrose. Portanto, a viscossuplementação teria o poder de modificar a evolução da doença.
Porém, é muito importante que o ácido hialurônico seja aplicado com cuidado e por um ortopedista especialista em joelho. Além da técnica de aplicação, é muito importante que a escolha do produto seja muito criteriosa. Desde a qualidade do produto, até o seu peso molecular, pois cada caso deve ser avaliado de forma individual.
As infiltrações com ácido hialurônico de baixo e médio peso molecular, além de promoverem a lubrificação da cartilagem articular, também estimulam a produção de colágeno tipo II, importante para a composição da matriz articular.
TRATAMENTOS CIRÚRGICOS
Caso haja a necessidade de cirurgia, há diferentes técnicas que podem ser usadas.
TÉCNICAS MINIMAMENTE INVASIVAS
Temos a artroscopia, onde é feita uma “limpeza” articular, removendo elementos que pioram o quadro da artrose.
Temos também técnicas novas, como a subcondroplastia, na qual colocamos um cimento biológico na área afetada. Esta técnica geralmente é feita em pacientes jovens, com artrose apenas em algum ponto da articulação.
TÉCNICAS TRADICIONAIS / CIRURGIAS ABERTAS
Há também cirurgias mais agressivas, como a osteotomia, na qual se altera o eixo de movimento, através da aplicação de parafusos.
No exemplo da figura, as técnicas de osteotomia realizadas na tíbia para correção do joelho VARO. As mesmas técnicas podem ser aplicadas no fêmur, e também para correção do joelho VALGO.
E para finalizar, temos as próteses. A aplicação de próteses deve ser feita com muita responsabilidade e deve ser utilizada como último recurso, devido ao seu caráter definitivo.
MAS AFINAL, A ARTROSE TEM CURA?
Mas afinal, a artrose no joelho tem cura realmente? Sim, a artrose no joelho tem cura!
Mas ela não envolve apenas um fator. É um tratamento multifatorial, ou seja, não será um medicamento ou abordagem única, que trará a cura. Será necessário envolvimento do paciente, disciplina, integração entre os profissionais, como médico, fisioterapeuta, educador físico, nutricionista e em alguns casos, psicólogo.
Além disso, a cura da artrose no joelho se dará com um processo contínuo, de acompanhamento médico, trabalho de fortalecimento e adoção de novos hábitos de vida, como alimentação saudável (evitando ultraprocessados e açúcar em excesso) e a prática regular de atividade física, uma vez que ela é uma das principais ferramentas de combate à inflamação característica do processo de artrose.
Artrose no joelho tem cura. Mas não é uma cura simples ou rápida. Ela acontece com um trabalho eficiente e muito bem articulado entre os profissionais de saúde! E se você se interessou e quer saber mais sobre o assunto, assista ao vídeo “Cura da Artrose, existe?”https://www.youtube.com/watch?v=AEC0r2xusTI&t=2s
