A lesão do ligamento cruzado anterior (LCA) é um dos traumas mais comuns e impactantes. Além de causar dor aguda e instabilidade no joelho, essa lesão pode desencadear uma série de complicações a longo prazo, sendo a artrose uma das mais preocupantes. Mas por que uma lesão no LCA, que afeta diretamente um ligamento, pode levar ao desgaste da cartilagem articular? E o que a ciência e a medicina moderna têm a oferecer para prevenir ou minimizar esse risco?
Apenas R$ 37,90
Neste artigo, exploraremos a relação entre a lesão do LCA e a artrose, abordando os mecanismos biológicos e biomecânicos que conectam esses dois problemas. Além disso, discutiremos as estratégias mais eficazes de prevenção e tratamento, incluindo os avanços da medicina regenerativa, que estão revolucionando a recuperação de lesões articulares.

O que é o Ligamento Cruzado Anterior(LCA)?
O LCA é um dos quatro principais ligamentos do joelho, desempenhando um papel fundamental na estabilidade da articulação. Ele conecta o fêmur (osso da coxa) à tíbia (osso da canela) e é responsável por controlar movimentos de rotação e desaceleração. Sem um LCA funcional, o joelho fica vulnerável a torções e deslocamentos, especialmente durante atividades que exigem mudanças bruscas de direção, como futebol, basquete e esqui, por exemplo.

As lesões no LCA costumam ocorrer quando o ligamento é esticado ou torcido além de sua capacidade, podendo resultar em rupturas parciais ou completas. Essas lesões são frequentemente acompanhadas por um estalo audível, seguido de dor intensa, inchaço e dificuldade para apoiar o peso sobre a perna afetada.

A conexão entre a lesão do LCA e a artrose
A artrose, também conhecida como osteoartrite, é uma doença degenerativa que afeta a cartilagem articular, levando ao seu desgaste progressivo. Embora seja comumente associada ao envelhecimento, a artrose pode ser acelerada por traumas articulares, como uma lesão do LCA. Vamos entender como isso acontece:
1. Instabilidade articular e sobrecarga da cartilagem
Após uma lesão do LCA, ocorre a instabilidade anteromedial. Ou seja, o joelho perde parte de sua estabilidade, especialmente durante movimentos de rotação. Essa instabilidade faz com que a cartilagem seja submetida a cargas anormais, levando a um desgaste acelerado. Estudos mostram que a falta de um LCA funcional aumenta o estresse sobre a cartilagem em até 30%, mesmo durante atividades simples como caminhar.
2. Alterações na biomecânica do joelho
A lesão do LCA pode alterar a forma como o joelho distribui as forças durante o movimento. Essa mudança na biomecânica faz com que áreas específicas da cartilagem sejam sobrecarregadas, enquanto outras ficam subutilizadas. Com o tempo, esse desequilíbrio leva à degeneração da cartilagem e ao desenvolvimento da artrose.
3. Inflamação crônica e danos aos tecidos
A lesão do LCA desencadeia uma resposta inflamatória no joelho que, se não for adequadamente controlada, pode se tornar crônica. A inflamação persistente danifica não apenas a cartilagem, mas também outros tecidos articulares, como o menisco e o osso subcondral, criando um ambiente propício para a artrose.
4. Lesões associadas
Muitas vezes, a lesão do LCA vem acompanhada de danos ao menisco ou à cartilagem articular. Essas lesões adicionais aumentam ainda mais o risco de artrose, pois comprometem a capacidade do joelho de absorver impactos e distribuir cargas de forma equilibrada.
O que acontece no joelho após a ruptura do LCA?
Quando o LCA é rompido, a tíbia (osso da canela) perde sua estabilidade e começa a se mover de forma anormal, especialmente durante movimentos de rotação. Isso leva a uma série de consequências:
- Sobrecarga da cartilagem: a cartilagem, que foi projetada para suportar cargas específicas, começa a receber pressões maiores, levando ao seu desgaste progressivo.
- Lesões meniscais: os meniscos, que ajudam a amortecer o joelho, ficam sobrecarregados e podem sofrer lesões espontâneas.
- Inflamação crônica: a ruptura do LCA desencadeia uma resposta inflamatória que danifica os tecidos articulares e acelera o processo degenerativo.

Fatores que influenciam o risco de artrose após lesão do LCA
Nem todos que sofrem uma lesão do LCA desenvolvem artrose. O risco depende de uma combinação de fatores, incluindo:
- Gravidade da lesão: rupturas completas do LCA têm maior probabilidade de causar instabilidade e danos à cartilagem.
- Tempo entre a lesão e o tratamento: quanto mais tempo o joelho ficar instável, maior será o risco de artrose.
- Presença de lesões associadas: danos ao menisco ou à cartilagem aumentam significativamente o risco.
- Nível de atividade: atividades de alto impacto, como correr ou pular, podem acelerar o desgaste articular.
- Idade e peso: pessoas mais velhas ou com sobrepeso têm maior predisposição à artrose.
O que acontece se eu não operar o LCA?
Estudos que acompanharam pacientes com ruptura do LCA que optaram por não realizar a cirurgia mostram resultados preocupantes:
- 70% desses pacientes desenvolveram artrose grave ou moderada em um intervalo médio de 10 a 15 anos.
- Um estudo específico que observou 360 atletas tratados sem cirurgia revelou que 65% deles tiveram artrose grave em 15 anos.
Esses números destacam que a falta de estabilidade no joelho, causada pela ruptura do LCA, leva a uma sobrecarga da cartilagem e dos meniscos, acelerando o desgaste articular e o desenvolvimento da artrose.
Eu tenho um vídeo no meu canal, falando sobre isso:
E as pessoas que foram operadas do LCA? Elas desenvolvem artrose?
A cirurgia de reconstrução do LCA é uma opção comum para restaurar a estabilidade do joelho. No entanto, mesmo após a cirurgia, há riscos de desenvolver artrose:
40% dos pacientes operados do LCA apresentam sinais radiográficos de artrose ao longo do tempo.
Sintomas da artrose após lesão do LCA
Os sintomas da artrose podem levar anos para aparecer após uma lesão do LCA. No entanto, é importante estar atento aos sinais precoces, que incluem:
- Dor persistente: principalmente após atividades físicas ou ao final do dia.
- Rigidez: especialmente ao acordar ou após períodos de inatividade.
- Inchaço: acúmulo de líquido na articulação.
- Redução da mobilidade: dificuldade para dobrar ou esticar o joelho completamente.
- Estalos ou rangidos: sensação de atrito durante o movimento.
Prevenção e tratamento da artrose após lesão do LCA
1. Reconstrução cirúrgica do LCA
A cirurgia para reconstruir o LCA é uma opção comum para restaurar a estabilidade do joelho e reduzir o risco de artrose. O procedimento envolve a substituição do ligamento lesionado por um enxerto, geralmente retirado do tendão patelar ou dos isquiotibiais. Estudos mostram que a reconstrução precoce do LCA pode reduzir o risco de artrose em até 50%.
2. Reabilitação pós-cirúrgica
A fisioterapia é essencial após a cirurgia para fortalecer os músculos ao redor do joelho, melhorar a amplitude de movimento e restaurar a função articular. Um programa de reabilitação bem estruturado pode reduzir o risco de artrose e ajudar o paciente a retomar suas atividades com segurança.
3. Controle do peso
Manter um peso saudável é essencial para reduzir a pressão sobre o joelho e prevenir o desgaste da cartilagem. Cada quilo perdido reduz a carga sobre o joelho em até quatro quilos durante atividades como caminhar ou correr.
4. Atividades de baixo impacto
Optar por exercícios de baixo impacto, como natação, ciclismo e pilates, pode ajudar a manter a saúde articular sem sobrecarregar o joelho. Essas atividades também fortalecem os músculos ao redor da articulação, melhorando sua estabilidade.
5. Medicina regenerativa
A medicina regenerativa está revolucionando o tratamento de lesões articulares, oferecendo opções inovadoras para prevenir e tratar a artrose após uma lesão do LCA. Entre as técnicas mais promissoras estão:
- Terapia com células-tronco: as células-tronco têm o potencial de regenerar a cartilagem danificada e reduzir a inflamação. Estudos clínicos mostram que a terapia com células-tronco pode retardar a progressão da artrose e melhorar a função articular.
- Plasma Rico em Plaquetas (PRP): o PRP contém fatores de crescimento que estimulam a cicatrização e a regeneração tecidual. É uma opção eficaz para reduzir a dor e a inflamação em pacientes com artrose inicial.
- Ácido Hialurônico: injeta-se na articulação para lubrificar e reduzir o atrito entre os ossos. É especialmente útil para pacientes com artrose leve a moderada.
Quando procurar um médico?
Se você sofreu uma lesão do LCA e está experimentando sintomas como dor persistente, inchaço ou dificuldade para movimentar o joelho, é importante consultar um ortopedista. Um diagnóstico precoce e um tratamento adequado podem ajudar a prevenir ou retardar o desenvolvimento da artrose.
A lesão do LCA pode, sim, favorecer o desenvolvimento da artrose, especialmente se não for tratada adequadamente. No entanto, com cuidados preventivos, reabilitação bem orientada e o uso de técnicas avançadas como a medicina regenerativa, é possível minimizar os riscos e manter a saúde articular a longo prazo.
Se você já sofreu uma lesão no LCA ou está preocupado com o risco de artrose, não hesite em buscar ajuda profissional. A prevenção e o tratamento precoce são as melhores estratégias para preservar a função do joelho e garantir uma vida ativa e sem dor.
E se você quer saber mais sobre o assunto, assista ao vídeo “LCA: O que acontece se não operar?”








