Revisão de prótese de joelho: causas, quando é indicado e como deve ser feito
Se a prótese de joelho continua doendo, será que a única saída é fazer outra cirurgia? A revisão de prótese significa que ela deve ser trocada?
Nem sempre. Sentir dor após colocar uma prótese não significa, necessariamente, que será preciso trocar o implante. Em muitos casos, a causa da dor está fora da prótese e pode ser tratada de outras formas, sem nova cirurgia — e compreender isso traz calma e esperança para quem passa por essa situação. No entanto, algumas vezes, essa cirurgia precisa ser refeita.
Hoje vou falar sobre um tema delicado, mas necessário: os maus resultados após a realização da prótese total de joelho. Como meu objetivo é trazer informação clara e educativa, sinto a obrigação de explicar o que pode acontecer quando a cirurgia não evolui como o esperado.

Quando a revisão de prótese de joelho é indicada?
Antes de mais nada, é fundamental dizer: a prótese total de joelho é uma cirurgia segura. Pela literatura médica, em média apenas 1 a cada 300 próteses pode apresentar algum problema.
Para que o resultado seja bom, precisamos de três pilares:
- Indicação correta.
- Execução adequada da cirurgia, realizada por equipe treinada, em hospital com controle rigoroso de infecção.
- Boa reabilitação.
A prótese é indicada em estágios finais da artrose. O paciente ideal é, geralmente, a mulher acima de 60 anos ou o homem acima de 70 anos. Mas a idade não é o único fator: o mais importante é o grau de destruição articular.
Pessoas mais jovens também podem ser candidatas, como aquelas que perderam menisco, sofreram fraturas graves ou têm doenças reumatológicas.
Como é feita a cirurgia de revisão de prótese de joelho?
A cirurgia é realizada por via aberta. São feitos cortes no fêmur, na tíbia e na patela, substituindo praticamente todos os componentes da articulação.
No pós-operatório, o paciente fica internado de 2 a 3 dias, recebendo antibióticos e iniciando fisioterapia ainda no hospital.
É fundamental que o paciente caminhe já no primeiro dia após a cirurgia. A deambulação precoce reduz dor, risco de trombose, fibrose e complicações cardiopulmonares, além de dar confiança ao paciente.
Com o tempo, o paciente deixa o andador, pode realizar hidroterapia (realizada na piscina) e, em cerca de 4 meses, retorna gradualmente às atividades, inclusive esportivas em alguns casos.

QUANDO A PRÓTESE NÃO VAI BEM
O principal sintoma de falha na prótese é a dor — que pode ser igual, pior ou diferente da dor anterior à cirurgia.
Para entender melhor, dividimos as principais complicações como causas em articulares (ligadas ao joelho) e extra-articulares (fora do joelho).
Causas articulares
- Soltura do implante: é a causa mais comum. Pode acontecer precocemente ou após alguns anos. Geralmente, a dor aparece ao caminhar, não em repouso.
- Instabilidade da prótese: relacionada a erro de posicionamento ou má qualidade do implante, causando dor durante a marcha.
- Infecção: pode ocorrer no momento da cirurgia ou mais tarde, quando bactérias de outra parte do corpo atingem a prótese pela corrente sanguínea. As bactérias formam um biofilme (como se fosse um muro que a protege da ação do antibiótico), dificultando a ação de antibióticos.
- Fibrose: formação de cicatrizes dentro da articulação, limitando o movimento e causando dor. Muitas vezes está associada a infecções de baixa intensidade.
- Tendinite: inflamação causada por reabilitação inadequada, com excesso de carga precoce.
Causas extra-articulares
Aprisionamento nervoso: o nervo safeno pode ficar preso durante a cirurgia, gerando dor irradiada para a perna. Pode ser diagnosticado por ultrassom e tratado com infiltrações ou cirurgia.

- Doenças do quadril: dores irradiadas do quadril para o joelho podem confundir o diagnóstico.
- Problemas vasculares: trombose venosa, tromboflebite ou insuficiência arterial podem gerar dor semelhante à da falha da prótese.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico envolve:
- Ouvir a história clínica detalhada do paciente.
- Examinar o joelho (estabilidade, arco de movimento, sinais de fibrose).
- Avaliar a presença de dor irradiada, sinais vasculares ou nervosos.
Pedir exames de imagem (radiografia, tomografia, cintilografia) e exames laboratoriais (sangue, análise do líquido sinovial com cultura e antibiograma).

TRATAMENTO
O tratamento depende da causa. Ou seja, uma doença vascular deve ser acompanhada por um cirurgião vascular. O aprisionamento nervoso, às vezes, pode ser tratado por infiltração ou cirurgia. A soltura da prótese ou erro de posicionamento muitas vezes requer uma revisão cirúrgica. Em casos de infecção, a abordagem combinada com antibióticos e, muitas vezes, cirurgia.
Em alguns casos, o tratamento pode ser não cirúrgico; em outros, é necessário um novo procedimento.
DICAS PARA EVITAR COMPLICAÇÕES
- Escolher um cirurgião experiente e de confiança.
- Garantir um diagnóstico preciso: a dor deve ser realmente da artrose do joelho e não provir de outras partes do corpo.
- Avaliar sempre se há alternativas de preservação articular antes de indicar a prótese (como artroscopia, subcondroplastia ou infiltrações).
- Discutir detalhadamente os prós e contras da cirurgia, lembrando que a decisão deve ser conjunta entre médico e paciente.
DRº, PRECISO ENTÃO FAZER UMA NOVA CIRURGIA?
A prótese de joelho é uma cirurgia segura e capaz de transformar vidas, devolvendo mobilidade e qualidade de vida a quem sofre com artrose avançada. Para ter bons resultados, é essencial unir três pontos: indicação correta, cirurgia bem realizada e reabilitação adequada.
Quando algo não sai como esperado, a dor pode ter várias causas — desde problemas no joelho, como soltura ou infecção, até fatores externos, como nervos comprimidos ou doenças do quadril. O importante é investigar com cuidado e tratar a causa certa para ver se há ou não necessidade de refazer a cirurgia.
Com boa indicação, execução correta e reabilitação adequada, a prótese é uma cirurgia segura, que devolve qualidade de vida e satisfação à maioria dos pacientes.
E se você quiser saber mais sobre o assunto, assista ao vídeo do meu canal no Youtube:
Minha prótese de joelho não deu certo? O que fazer?