As 7 principais mentiras sobre infiltração com ácido hialurônico

O ácido hialurônico é uma molécula muito antiga, criada nos anos 90. O primeiro produto lançado no mercado era uma molécula muito complexa em um único efeito que ela tinha na articulação era de lubrificar e essa foi a molécula utilizada na artrose. No decorrer dos anos essa molécula começou a ser modificada. Começamos a ter os pesos moleculares do alto, intermediário e baixo, sendo que cada um tem um efeito específico para cada articulação ou para determinado estágio de doença cartilaginosa. E neste cenário, a infiltração com ácido hialurônico se transformou em algo altamente eficiente no tratamento de doenças cartilaginosas.

Quando a infiltração com ácido hialurônico é indicada?

Por exemplo: articulações muito apertadas como ombro, quadril e eventualmente cotovelo, são muito beneficiadas com ácido hialurônico com alto peso molecular. Artrose no joelho em estágio muito avançado já com deformidade, quando a pessoa tem muita dificuldade em casa, também podem ser muito beneficiadas.

Então, quando realizamos uma infiltração no joelho com alto peso, proporcionamos lubrificação e a articulação fica mais solta, garantindo um pouco mais de qualidade de movimento.

O ácido hialurônico de peso molecular intermediário tem um efeito biológico, penetrando na articulação e na cartilagem, reduzindo a morte celular. E ele também ajuda a restaurar um pouco do colágeno perdido e ensina o nosso corpo a fabricar um líquido sinovial de qualidade melhor. Quando entramos com o ácido hialurônico, nosso corpo começa a fabricar um líquido sinovial que reduz o atrito e protege a cartilagem. O baixo peso molecular tem sido muito pouco utilizado, pois são necessárias muitas aplicações e a tendência é que ao longo do tempo ele caia em desuso.

O trabalho de fortalecimento é um forte aliado na prevenção da recidiva da doença em pessoas que tem uma boa qualidade de movimento, que emagreceram, se alimentam bem, têm hábitos saudáveis e que têm força muscular. Isso é válido mesmo para pessoas que têm condropatia grau 3 ou 4, permitindo que elas tenham uma vida normal e conseguindo voltar ao esporte.

Quais são as mentiras mais contadas sobre o ácido hialurônico?

1. Todo ácido hialurônico é igual

Temos, hoje, ácido hialurônico de diversos pesos moleculares, com concentrações diferentes, diversas associações, etc. Dizer que todo ácido hialurônico é igual, é uma grande mentira e há diferentes formas de infiltração com o mesmo.

2. A infiltração com ácido hialurônico causa vício na articulação

Sabemos que uma vez que é feita a aplicação de ácido hialurônico, muitas vezes aquele paciente nunca mais vai precisar aplicar novamente.

Mas também, quando não existe um bom diagnóstico, como quando o paciente não tinha indicação da infiltração ou quando o produto utilizado não é muito bom, o paciente pode não melhorar. Nesse caso, dá uma falsa impressão que ele está viciado. Mas a viscossuplementação não vicia!

3. Precisa repetir a cada 6 meses

O ácido hialurônico, sendo bem aplicado e a pessoa sendo bem reabilitada, se aplica uma única vez na vida. Reaplicar a cada seis meses não é realmente recomendado, principalmente em pacientes jovens.

Se é feita a aplicação de ácido hialurônico em pacientes jovens e depois de seis meses é necessário reaplicar, quer dizer que a doença cartilaginosa do paciente não está evoluindo bem. Nesse caso, é necessário pensar em protocolos cirúrgicos de regeneração da cartilagem.

O protocolo de replicação a cada seis meses é válido em tratamento paliativo, quando o paciente não pode ser submetido à cirurgia.

4. Quanto mais espesso o produto, melhor para o paciente

Muitos pensam que quanto mais espesso, quanto maior o peso molecular e quanto mais tempo fica na articulação, melhor para o paciente. Novamente: artrose em estágios iniciais não precisa tanto de lubrificação, precisa de efeito anti-inflamatório na cartilagem.

Então se fizer uso de um produto para ficar muito tempo na articulação, principalmente de produtos de aplicação única, nem sempre é benéfico para os pacientes. Muitas vezes esse tipo de produto pode causar desconforto, dor e piora a sensação de instabilidade. Isso porque eles estão apenas lubrificando.

5. O ácido hialurônico só lubrifica

Esse tipo de informação, infelizmente, costuma vir de profissionais da área da saúde que não se atualizam. Sabemos que hoje existem diversos trabalhos científicos mostrando o efeito biológico e protetor do ácido hialurônico.

6. O ácido hialurônico não causa danos, é um produto natural

Na verdade o ácido hialurônico é produzido por nosso corpo, temos ele dentro do nosso líquido sinovial, mas os melhores produtos que a gente faz uso são os produtos sintéticos. O ácido hialurônico de origem animal pode gerar uma reação inflamatória chamada de sinovite reacional ou sinovite alergogênica e o joelho do paciente pode inchar demais e gerar muita dor após aplicação. Então, a escolha do produto e nem sempre aquele produto que é muito fomentado no mercado é o melhor para o paciente.

7. O ácido hialurônico é para prevenir uma progressão da artrose, e pode prevenir uma prótese

Sabemos que o ácido hialurônico age de maneira química na progressão da artrose, e quando o paciente tem sucesso, o procedimento consegue frear a progressão da doença. Contudo, em estágios avançados não é possível segurar a progressão da doença. Existe um alívio dos sintomas, mas se o paciente voltar a ter sintomas pouco tempo depois da aplicação, é sinal de que o tratamento vai ser cirúrgico.

Dicas para quem vai passar pelo procedimento

Antes de passar pelo procedimento, é muito interessante ler e se informar. Hoje em dia, felizmente, temos acesso a artigos informativos ao público e conteúdos sobre o assunto.

O procedimento deve ser realizado em ambiente com total assepsia e antissepsia para prevenir o risco de contaminação. Dependendo do tipo do joelho e do traquejo do médico , pode ser necessário contar com a ajuda de um ultrassom. Se o ácido hialurônico ficar fora da articulação, ele pode gerar uma reação inflamatória, sendo um motivo de mau resultado e do agravo de dor após aplicação.

Também é necessário solicitar ao seu médico que te indique o protocolo de reabilitação. E também é muito importante que você peça a bula do produto para o seu médico. Caso você não tenha um bom resultado e venha consultar uma segunda ou terceira opinião, que você leve a bula daquele produto para que seja avaliado.

Eu tratei de forma mais profunda sobre este tema, neste vídeo do meu canal no YouTube: