Conforme já descrito em outros artigos, os meniscos são essenciais para a biomecânica normal da articulação do joelho, agindo como lubrificadores, estabilizadores, amortecedores e distribuidores de carga dentro da articulação. As fibras de colágeno de tecido dissipam as forças de compressão na articulação, reduzindo assim a força direta sobre a cartilagem articular, que cobre as superfícies articulares tíbio-femorais.
A maior parte das lesões meniscais nos esportes, são causadas por entorse do joelho. Exemplos clássicos são o lutador de jiu jitsu que acaba jogando muito torque no joelho em flexão máxima durante a passagem de guarda ou uma bailarina que acaba se desequilibrando durante uma aterrissagem.
Na corrida de rua, no entanto, as lesões meniscais estão ligadas ao micro-trauma de repetição. Em outras palavras, de tanto ser utilizado na dissipação de energia cinética, o nosso “amortecedor” acaba se lesionando.
+ Lesões meniscais: o que são, quais as suas causas e como lidar com isso
Estatisticamente, a maior parte dos corredores que venham a desenvolver a lesão são pessoas acima dos 40 anos. Fatores ligados a isso estão a desidratação progressiva dos tecidos corporais, a degradação do colágeno (ambos geneticamente determinados) e a perda da capacidade de absorção do choque do pé ao solo pela massa muscular, tanto por redução da força, quanto pela queda da agilidade neuro-motora.
O que se sente após contrair lesões menicais?
As lesões meniscais causam sintomas característicos como dor bem localizada com períodos de alívio e agravo a determinados movimentos como agachar e cruzar as pernas, inchaço, e bloqueio (travamento).
Por que as lesões menicais doem?
A dor aguda é causada pelo menisco lesionado (“rasgado”) que puxa sobre a cápsula da articulação sinovial bem inervados. Inchaço resulta de inflamação da membrana sinovial e derrame (popular “água no joelho”) por excesso de produção de líquido sinovial.
Ao contrário das lesões ditas agudas (causadas por um trauma súbito), as lesões meniscais dos “quarentões” é enquadrada na categoria degenerativa.
Estas ocorrem como parte do desgaste progressivo em todo o conjunto, mais frequentemente em pacientes acima de 40 anos. Estas lesões são de clivagem, geralmente horizontais com mínima capacidade de cura.
As lesões podem ser descritas como sendo completas ou incompletas, estáveis ou instável e de vários padrões.
+ A técnica de sutura pode “salvar” o menisco lesionado
Quanto a sua morfologia, podem ser verticais, longitudinais (incluindo “alça de balde” onde o fragmento rasgado pode bloquear a extensão total da articulação do joelho), oblíqua / bico de papagaio ou “flap”, lesões radiais ou horizontais.
A maioria é composta de lesão vertical ou oblíquo (80%). O menisco medial é mais comumente afetado – 75% contra 25% no menisco lateral, 5% dos pacientes terão lesões bilaterais.
Alguns tipos de lesões podem provocar uma ação semelhante a válvula dentro da substância do menisco, e isso pode levar a formação de um cisto meniscal, que deve ser tratada da mesma forma, abordando o problema principal que é a lesão do menisco. A chance da formação de um cisto meniscal no menisco lateral é 7x maior que a do menisco medial.
Tratamento para lesões meniscais
Ao contrário da lesão traumática aguda, a literatura é conflitante quanto ao tratamento desta categoria de lesão, principalmente entre corredores de rua a partir da quinta década de vida. Alguns autores sugerem apenas o acompanhamento clínico, pois se trataria de um processo degenerativo do joelho (artrose), outros são mais radicais, indicando a meniscectomia (retirada de parte do menisco a todos) devido ao risco de uma complicação pós-operatória relativamente comum, principalmente nas mulheres denominada “fratura por insuficiência”, na qual osso logo abaixo do menisco retirado acaba se edemaciando e causando muita dor, este procedimento, ao meu ver, deve ser sempre posto como o último recurso.
Um fator importante a ser levado em conta nestas lesões é o quanto a lesão esta causando queda na performance do corredor(a).
Quando o comprometimento é pequeno, o ideal é apenas reabilitar. Recursos anti-inflamatórios e o reequilíbrio muscular de uma fisioterapia especializada em esporte são imprescindíveis.
Quando há queda do rendimento e a dor está ligada a perda de massa muscular, pode-se optar pela viscossuplementação. Conforme já descrito em outros artigos, trata-se de um método de tratamento relativamente novo e consiste nas injeções intra-articulares de ácido hialurônico que é o mesmo componente que já existe no líquido sinovial de uma articulação saudável. Autores que defendem seu uso em lesões meniscais degenerativas, por se tratar de um processo de envelhecimento da articulação, o líquido sinovial perderia sua capacidade funcional com a idade e com o processo de artrose, e o uso do dessas injeções de ácido hialurônico exógeno desaceleraria a degeneração. O alívio dos sintomas facilitaria no ganho de massa muscular e retorno ao esporte.
Referências bibliográficas
- Fairbank, T.J. Knee Joint changes after Meniscectomy. J Bone Joint Surg 30B:4 664-671 1948
- Fauno, P. and Nielsen, M.D. Arthroscopic Partial Meniscectomy: A Long-term Follow-up. Arthroscopy 8:3 345-349 1992
- Arnoczky, S.P. and Warren, R.F. Microvasculature of the Human Meniscus. Am J Sports Med. 10:2 90-95 1982
- Henning, C.H.m Lynch, M,A, et al. Arthroscopic Meniscal Repair Using an Exogenous Fibrin Clot. Clin. Orthop 252:65-72 March 1990
- Dilworth Cannon, W. and Vittori, J.M. The Incidence of Healing in Arthroscopic Meniscal Repairs in Anterior Cruciate Ligament-Reconstructed Knees versus Stable Knees. Am J Sports Med. 20:2 177-181 1992
- Tenuta, J.J. and Arciero, R.A. Arthroscopic Evaluation of Meniscal Repairs – Factors that effect healing. Am J Sports Med. 22:6 797-802 1994
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Dr,
Muitos anos atras passei por uma retirada do menisco do joelho direito apos uma lesao em alça de balde. Hoje, aos 35 anos, nao pratico mais nenhum esporte de impacto (corrida, futebol, etc). Sei que existem tratamentos fora do brasil com implantes/transplantes pra substituir o menisco retirado. Gostaria de uma consulta com o Dr para avaliar meu joelho e possibilidades de tratamento.
Obrigado,
Tiago Sanchez
11-98369-4696
Será um prazer poder te ajudar, Tiago.
Boa noite Dr tive uma lesão no joelho que apontou rompimento parcial do ligamento do joelho, isso em agosto e após fisioterapia e recondicionamento físico ainda sinto dores ao correr.
Tenho 54 anos grato Amarildo.
Oi, Amarildo.
Para te responder isso, precisaria te examinar e ver as imagens de seus exames.
Se puder passar em consulta comigo, será um prazer pode te ajudar.
O endereço e telefones do consultório sao:
Rua Bento de Andrade,103
Ibirapuera SP/SP
Tels. (11) 2507 9021
whatsapp: (11)94754-9183
Se tiver dificuldade em consulta presencial, meu link para Telemedicina é https://adrianoleonardi.com.br/telemedicina/
Cordialmente,
Dr Adriano Leonardi
CRM/SP 99660
Olá, Doutor. Há 3 anos atrás lesionei o menisco lateral do joelho esquerdo, procurei tratamento médico porém nunca cheguei a operar. A lesão não me incomoda muito, apenas quando eu sobrecarrego meu joelho em alguma atividade física, sinto alguns beliscões na região lesionada. Mas estou pensando em realizar tal cirurgia. Pelo tempo que já tenho esse problema, você acha que pode ter agravado a situação da lesão de alguma forma?
Boa tarde! Fui diagnosticada com uma rotura radial/amputação da margem livre na transição do corpo com o corno posterior do menisco medial, o médico falou que na minha idade não convém operar, tenho 54 anos e gostou muito de correr? Será que fazendo fisioterapia ainda posso continuar a correr? Corro em trote entre 4 a 5 km por dia…desde já agradeço
Oi, Aline!
Se a sua lesão estiver ativa sentirá muita dor eu não conseguirá Correr.
Radial tratar a dor através de artifícios como a infração do joelho ou a Artroscopia do joelho.
Lembrando que, como você sentiu dor por um período, sua musculatura estará inibida e será necessário um bom fortalecimento e equilíbrio muscular .
Bom dia Dr.Adriano!
Tenho 50 anos e estou com um rompimento na raiz do menisco, e como pratico esportes, entre eles a corrida, foi-me indicada a cirurgia de reparação, mas meu convênio ainda não está realizando cirurgias eletivas, por conta da pandemia..
Na época do trauma, logo no início da pandemia, em março, eu parei com todas atividades físicas, e como a dor melhorou retornei inicialmente com caminhada, passando agora para um trote leve, mas por estar muito tempo parada perdi toda a massa muscular. Tenho pensado em voltar para a academia para fazer um fortalecimento, para uma melhor recuperação após a cirurgia.
Minha dúvida é se estou certa em retornar com a musculação, tenho medo de aumentar a lesão e piorar, ao invés d melhorar.
O que o sr indicaria?
Oi, Elaine
Para te responder isso, precisaria te examinar e ver as imagens de seus exames.
Se puder passar em consulta comigo, será um prazer pode te ajudar.