Engana-se quem acha que precisamos operar o menisco rompido em todos os casos.

Para entender mais sobre essa lesão, acompanhe aqui abaixo a linha de raciocínio:

COMO É O MENISCO?

Um menisco rompido é um rasgo na sua estrutura. O menisco tem a função de acomodação entre o fêmur e a tíbia, tem a função de absorver o choque e distribuir a carga no joelho e de ajudar a mover o fluido lubrificante ao redor do joelho. O menisco pode se romper por trauma durante um movimento no dia a dia, em um esporte, em um acidente ou acontecer lesão por degeneração, que são as lesões do envelhecimento natural. 

Os meniscos ficam entre o fêmur e a tíbia, um no lado medial (interno) do joelho e outro no lado lateral (externo) do joelho.  O menisco é feito de fibrocartilagem, o que lhe confere uma textura emborrachada. Dentro do menisco também existem fibras de colágeno que ajudam a manter a forma do menisco. O menisco tem suprimento sanguíneo apenas em seus anexos externos, cerca de 2/3 de um menisco não chega sangue de forma adequada e, portanto, não pode cicatrizar se for rompido ou ir cicatrizando as lesões degenerativas. 

Algumas pessoas pensam que apenas os atletas podem rasgar um menisco. Isso não é verdade. Mesmo as pessoas que não se consideram “atletas” podem romper um menisco. Alguns meniscos se rompem durante as atividades da vida diária, como entrar e sair de um carro ou agachar para pegar um objeto no chão, ou agachar. 

QUANDO PRECISO PROCURAR ATENDIMENTO MÉDICO DE URGÊNCIA?

Uma lesão meniscal precisa de atenção imediata quando “trava” o joelho, ou seja, quando há um bloqueio dos movimentos, um joelho está travado quando não dobra ou não estica direito porque algo está preso dentro dele. O bloqueio significa que a parte rompida do menisco se deslocou para um local onde atrapalha o movimento e não deveria estar nesse local pois não pertence ou se não encaixa lá. 

COMO SÃO OS SINTOMAS DE UMA LESÃO DE MENISCO?

Os sintomas iniciais de um menisco rompido incluem dor bem localizada bem na região que corresponde ao espaço articular e também inchaço no joelho. A dor geralmente é no lado interno ou externo do joelho, que varia de acordo com o lado da lesão do menisco. 

A dor geralmente é pior durante os movimentos de rotação ou agachamento. A menos que o menisco rompido tenha travado o joelho, muitas pessoas com menisco rompido podem andar, ficar de pé, sentar e dormir sem dor, aparecendo dor após um esforço maior. Até mesmo, muitos pacientes conseguem praticar seus esportes, relatando dor durantes alguns movimentos ou dor após os treinos, mas mesmo assim, continuando insistindo nos esportes. Em outros casos, mesmo as atividades da vida diária, como subir e descer escadas ou ir ao banheiro, podem produzir dor em um joelho com menisco rompido.

Pode acontecer uma sensação de travamento ou o travamento real, quando o joelho fica bloqueado e não movimenta-se completamente, por dor ou por bloqueio físico. Tem alguns pacientes que relatam que conseguir desbloquear o joelho, dobrando-o, esticando-o e movimentando em várias direções, porém na maioria dos casos, isso ocorre junto com bastante dor. 

TEM PROBLEMA FICAR COM UMA LESÃO NO MENISCO E NÃO TRATÁ-LA?

Tem!

  1. Mesmo que não tenha dor, tem problema em simplesmente ignorar a lesão. Uma lesão no menisco, gera sobrecarga no lado machucado, isso a longo prazo vai gerar uma série de complicações e desgastes acelerados. O mínimo que deve-se fazer, é seguir um protocolo de fortalecimento, visando melhorar toda a biomecânica para reduzir essa velocidade de desgaste por sobrecarga. 
  1. Além disso, as pessoas com inchaço crônico do joelho tendem a manter a articulação envolvida em uma posição dobrada e desenvolver rigidez dos isquiotibiais e contratura articular. E também, um pedaço do menisco rompido que está se movendo para dentro e para fora do lugar pode danificar as superfícies articulares próximas piorando muito os sintomas ao longo do tempo. 
  1. Um menisco rompido pode impedir o movimento normal sem dor do joelho e, portanto, pode interferir na capacidade do paciente de subir escadas. Às vezes, a dor no joelho faz com que o cérebro desligue o músculo quadríceps no joelho e gerando uma sensação de insegurança, que o joelho não vai aguentar e até mesmo, ‘’vai sair do lugar’’. 
  1. Além de causar problemas nas atividades da vida diária, um menisco rompido geralmente interfere na capacidade de participar de esportes ativos, principalmente quando envolvem movimentos de rotação. E pra quem gosta de esporte, é bem frustrante não poder mais jogar. 

COMO É O TRATAMENTO DE UM MENISCO ROMPIDO?

O tratamento depende do perfil e demanda do paciente e de como é a lesão desse menisco. Ou seja, o tratamento de uma lesão aguda em um paciente jovem é diferente de uma lesão degenerativa em um paciente mais velho que tem uma demanda baixa.

 

Uma laceração meniscal degenerativa associada à osteoartrite é tratada na maior parte das vezes, com tratamento conservador, um protocolo bem feito de fortalecimento muscular, podendo associar infiltrações para auxiliar o processo de melhora da dor. 

Os sintomas agudos de uma nova lesão meniscal degenerativa (dor e inchaço) podem desaparecer em alguns meses, mesmo que a área rasgada não tenha cicatrizado ou sido removida. Por outro lado, quando sintomas mecânicos, como travamento ou travamento, estão presentes, esses sintomas são menos propensos a resolver sem  cirurgia .

Os sintomas de um menisco rompido em um paciente mais jovem e com uma demanda maior de atividade, podem ser aliviados  removendo ou reparando cirurgicamente o pedaço rompido do menisco. O reparo meniscal é reservado para rupturas na parte do menisco que tem suprimento sanguíneo e potencial de cicatrização. 

Não fique triste caso esteja com uma lesão meniscal. Um menisco rompido é uma lesão muito comum no joelho! É possível recuperar, por bastante tempo, um menisco rompido e voltar a fazer suas atividades favoritas sem dor no joelho, se procurarem atendimento ortopédico e seguirem as recomendações direitinho. 

REFERÊNCIAS:

  1. Bhan K. Meniscal Tears: Current Understanding, Diagnosis, and Management. Cureus. 2020 Jun 13;12(6):e8590. doi: 10.7759/cureus.8590. PMID: 32676231; PMCID: PMC7359983.

Postagens similares

2 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *