Anatomicamente, a patela (rótula) se liga ao fêmur (osso da coxa) e tíbia (osso da canela) por tendões. A patela se encaixa em um sulco no final do fêmur (sulco troclear) e desliza para cima e para baixo conforme o joelho se dobra e se endireita.
O que é a luxação patelar?
O termo luxação patelar se refere ao episódio no qual a patela se desloca, ou seja, sai de seu local original. Isso ocorre, em geral, após uma contusão ou um entorse durante a prática esportiva. A patela também pode se deslocar ou luxar quando realizamos movimentos que tenham desaceleração como descer escadas ou em um salto e aterrissagem.
Quando a patela luxa mais de uma vez, a lesão é chamada de luxação recidivante da patela e isso pode levar ao que chamamos de instabilidade patelar.
O que é instabilidade patelar?
Existem dois tipos de instabilidade patelar. O primeiro é conhecido como luxação traumática da patela. Na maioria das vezes, isso é o resultado de uma lesão no joelho e a patela é empurrada completamente para fora do sulco.
O outro tipo de instabilidade é conhecido como instabilidade patelar crônica. Nesse tipo, a rótula geralmente desliza apenas parcialmente para fora da ranhura. Isso é conhecido como subluxação.
Quais são os sinais e sintomas da luxação patelar?
É muito comum sentir dor, inchaço, rigidez, dificuldade para caminhar sobre o membro afetado e/ou sensação de torção, aperto ou travamento no joelho horas ou dias após o 1º episódio. Em um episódio agudo e grave, também pode haver uma deformidade perceptível no joelho afetado.
A maioria dos pacientes tem a sensação de que a patela se deslocou ou saiu do lugar. Normalmente, a rótula se moverá de volta por conta própria, mas às vezes precisará ser colocada de volta no lugar no pronto-socorro. Por isso, a avaliação do ortopedista deve ser imediata e uma manobra de redução, na qual se coloca a patela no lugar, deve ser executada.
Com subluxações patelares crônicas, a dor pode ser menos intensa do que em uma lesão traumática.
Quando a doença se cronifica, os pacientes podem se queixar de dor sob a patela, especialmente com atividades que envolvem flexão profunda dos joelhos.
Diagnóstico
Em geral, além da história clínica e do exame físico, solicitamos exames de imagem como os raios-X e tomografia. Eles são de extrema importância na avaliação da anatomia do paciente. Índices como de inclinação e a altura da patela, ângulo de congruência da tróclea femoral e índices GT-TA podem mostrar se existem alterações anatômicas que predispõem a luxação patelar.
Uma ressonância magnética também pode ser solicitada para avaliar possíveis danos ao ligamento femoropatelar medial e à cartilagem causados por uma luxação traumática da patela.
Tratamento da luxação patelar
A. 1º episódio – tratamento emergencial
Como dito anteriormente, se a patela não voltar ao lugar (reduzir) por conta própria, é necessário atendimento médico imediato para reduzir a patela. As luxações iniciais geralmente são tratadas de forma não cirúrgica com repouso, imobilização como chamado “brace” e, frequentemente, uma joelheira e muletas.
Depois de um período de descanso, a fisioterapia geralmente é iniciada para fortalecer os músculos do joelho que ajudam a evitar que a rótula deslize para fora da ranhura.
Logo após, institui-se programa de transição e retorno ao esporte. Entretanto, existem circunstâncias em que o tratamento cirúrgico pode ser necessário.
Em episódios de luxações patelares agudas, pode haver fragmentos de cartilagem que se soltam e ficam aprisionados no joelho. Isso é chamado de corpo solto e precisará ser fixado de volta ao seu lugar de origem quando possível ou, eventualmente, removido. Durante a cirurgia, se houver ligamentos rompidos no joelho, como o ligamento patelofemoral medial, a reconstrução do ligamento pode ser recomendada.
B. Tratamento da luxação recidivante da patela
Nos casos de luxações patelares recorrentes (a patela continua a sair de seu trilho), apesar do manejo não operatório, o paciente pode ser candidato a um procedimento cirúrgico.
Neste caso, o procedimento começa por vídeo artroscopia para avaliação da cartilagem articular, seguida de procedimento “aberto” com a reconstrução do ligamento patelofemoral medial e, em alguns casos, para realinhar a patela e colocá-la em uma posição melhor.
No período pós operatório, em geral, realiza-se fisioterapia por 04 meses, seguida de um programa de retorno ao esporte e de melhoria da qualidade de movimento para que previna novos futuros episódios de luxação da patela.
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