Diversos estudos mostram que o ciclismo é um dos maiores aliados para quem tem condropatia desde em graus iniciais para quem tem condromalácia ou em graus mais avançados como uma artrose.

Qual a função da bicicleta na artrose e como ela vai se adaptar ao meu grau de lesão?

A artrose, segundo o Ministério da Saúde é uma doença que acomete mais de 30 milhões de brasileiros e uma vez que a doença esteja instalada ela se manifesta com dor, inchaço (água na articulação), deformidades, atrofia muscular e cada vez mais fica difícil o movimento, principalmente em dias mais frios. A locomoção e a independência vão ficando cada vez mais difíceis com o avançar da artrose. Doenças crônicas que a pessoa já tem, como por exemplo a Pressão Alta, pre-diabetes, tendem a piorar ao longo do tempo em pessoas com artrose.

Existem hoje diversos tratamentos para a artrose que vão desde cirúrgicos a não cirúrgicos. Como não cirúrgicos é importante a fisioterapia, infiltração articular, medicamentos e os tratamentos cirúrgicos que são com ou sem a prótese de joelho, sendo este o último estágio.

Mas tanto para pessoas que vão passar por tratamento cirúrgico ou não cirúrgico, a prescrição de atividade física é muito importante e fundamental e deve entrar no rol do tratamento da artrose. Os exercícios para artrose são muito individuais. Há pessoas com doenças mais leves que podem inclusive correr longas distâncias e há graus mais avançados que a prescrição de atividade física deve ser muito bem pensada pois o esforço mínimo já gera dor. O acompanhamento com o médico, fisioterapeuta e profissional de educação física são essenciais.

Quais as vantagens da prescrição de atividade física para quem tem artrose?

● Existem diversas vantagens e entre elas: a lubrificação da articulação é uma delas!

A pessoa com artrose, popularmente conhecida como o “joelho secando”, possui um líquido sinovial, aquele líquido que lubrifica dentro da articulação com a qualidade menor e passa a ser um líquido inflamatório. Nesse caso, a fricção do tecido aumenta e a partir do momento que a pessoa pratica atividade física dentro do limite fisiológico dela, esse líquido sinovial melhora a qualidade, lubrifica melhor as articulações e nutre mais a cartilagem que está um pouco mais machucada.

● Melhoria da qualidade da contração muscular

Quanto mais músculos e quanto melhor a capacidade do músculo de desacelerar, mais ele produz uma mola que produz a articulação.

● Aumento do fluxo sanguíneo para tecido articular

A articulação com artrose já possui menos vasos sanguíneos e está “morrendo”, passa a receber um fluxo sanguíneo melhor e passa a ser rejuvenescida.

● Aumento do metabolismo

A atividade física, além de saúde no geral, faz o indivíduo perder peso, gastar calorias e propicia um alívio na articulação com a diminuição do impacto que o peso gera.

● Liberação de enzimas anti-inflamatórias que protegem a articulação

As enzimas anti-inflamatórios circulando a articulação possuem um efeito chamado de condro-anabólicos. A prescrição de atividade física é a primeira evidência científica da redução da progressão da artrose.

Mas qual a vantagem de pedalar para quem tem artrose? Existe vantagem em relação a outros esportes? Qual a vantagem do ciclismo em relação a caminhada para quem tem artrose?

Não existe um esporte melhor para a artrose e sim um esporte individual para cada um de forma que ele se adapte melhor. Mas o ciclismo possui algumas vantagens:

● Movimentos cíclicos homogêneos

É possível planejar o movimento. Uma pessoa que já está melhor da artrose, deu um passo a mais fazendo um programa de reabilitação, com o ciclismo perdendo aos poucos a chamada Cinesiofobia, que é o medo do movimento.

● Esforço físico planejado

Se muito bem prescrito tanto pelo médico, quanto o fisioterapeuta e o profissional de educação física, não haverá sobrecarga e a pessoa consegue fazer o exercício dentro do limite fisiológico e aos poucos aumenta a carga semanal.

● Alinhamento das articulações

Quando a pessoa está caminhando, descendo uma escada ou correndo, o sincronismo entre as articulações do joelho, quadril, tornozelo precisam estar em equilíbrio e de certa forma em perfeita harmonia. Se a pessoa jogar o joelho para dentro, para fora, se não for sincronizado ou se existir alguma rigidez no quadril, no tornozelo, a articulação adjacente vai sofrer. Logo, muitas vezes, o ciclismo bem planejado, em uma bicicleta adequada e o movimento simétrico entre as articulações e bem homogêneo, reduz o risco da piora da dor no joelho, no quadril, desenvolver dor no tornozelo e dor lombar.

● Não existe absorção de impacto

Em medicina, chamamos de absorção de energia cinética. Para cada tipo de atividade física, como por exemplo uma caminhada ou corrida, a pessoa absorve determinada quantidade de energia cinética da passada, por exemplo, em cada articulação. Com o movimento feito na bicicleta, com um padrão de condução e contração muscular predominantemente chamado de concêntrico e não excêntrico como a corrida, a absorção de energia cinética é muito menor e a articulação não sobre um impacto em cada movimento.

Se a bicicleta for muito bem adaptada, as forças de vetores que empurram a patela contra o fêmur são totalmente reduzidas e isso reduz a chance de iniciar alguns sintomas quando estiver pedalando.

DICAS:

É importante orientar que a bicicleta faz parte do tratamento da artrose. Se você tem artrose e considera que seu tratamento não está sendo seguido de maneira correta, não é recomendado comprar uma bicicleta e apenas sair pedalando sem orientação. É importante fazer uma avaliação médica, para que o médico veja se você realmente pode pedalar. Se você entrar num programa de ciclismo, é muito importante entrar no que chamamos de Bike Fit: que é a regulação da bicicleta para o seu tamanho de corpo e biotipo. O ciclismo deve estar atrelado a um programa de emagrecimento e esse programa deve ter impacto em outras doenças como a Pressão Alta, Diabetes, doenças psiquiátricas.

É importante que o ganho aeróbico do ciclismo tenha impacto direto nas doenças do indivíduo.

Assim como toda atividade física, é necessário um aquecimento prévio. Ao iniciar, inicie sem exageros, principalmente em bicicletas ergométricas ou de spinning para só depois ir para a rua pois ali também existem alguns riscos como o desequilíbrio, quedas, etc.

O aumento do tempo e da distância do pedal precisa ser regulado semanalmente de acordo com os sintomas da pessoa. Às vezes o indivíduo inicia com sintomas de artrose e faz a transição mista em que se mantém pedalando, mas uma ou duas vezes por semana continua na fisioterapia para fazer recursos regenerativos como laser ou ultrassom e só depois volta ao pedal.

Tratei de forma mais aprofundada, sobre este tema, neste vídeo do meu canal:

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