Extremamente comum entre praticantes de corrida de rua, a Síndrome da Banda Iliotibial (SABI), também conhecida como síndrome do atrito do trato Iliotibial é uma causa comum de dor lateral do joelho, considerada como “overuse”, ou esforço repetitivo e, geralmente tratada com sucesso com uma abordagem conservadora.

Fatores biomecânicos individuais como as dismetrias (diferença de comprimento dos membros inferiores), pisadas excessivamente pronadas, que causam rotação interna da tíbia, genu varum, ou “joelhos de cowboys” e encurtamento da fáscia lata, uma estrutura fibrosa que envolve a porção lateral da coxa, estão ligados à gênese da doença. Fraqueza dos abdutores da coxa e dos glúteos médio e mínimo do quadril parece também contribuir para o desenvolvimento da Síndrome da Banda Iliotibial.

Síndrome da Banda Iliotibial

A freqüência e intensidades do treino também estão relacionados. A Síndrome da Banda Iliotibial é geralmente, observada em pessoas que exercem esportes vigorosamente. Tendo-se em mente o fato que, toda vez que o indivíduo treina, ocorre lesão tecidual e que, no repouso, o organismo faz a reparação, sabe-se que o aumento de volume e intensidade do esporte, em geral, quando o indivíduo visa uma determinada prova faz com que haja quebra do equilíbrio destruição/reparo e a lesão se desenvolva.

 

Por que ocorre a Síndrome da Banda Iliotibial?

Durante a pratica esportiva, quando o pé toca o solo, existe uma fase denominada pela biomecânica como “momento varo”, no qual a superfície articular do joelho tende a abrir-se lateralmente, sendo contida pela estrutura denominada banda iliotibial. Isso ocorre entre 20 ° e 30 ° de flexão do joelho (média de 21 °). Em indivíduos predisponentes, o atrito desta estrutura contra uma proeminência óssea do fêmur, denominada epicôndilo lateral causa irritação e lesão. Estudos têm mostrado que a banda iliotibial torna-se, então, espessada, cronificando a doença.

 

Meu joelho dói!!

A principal queixa inicial em pacientes com Síndrome da Banda Iliotibial é dor difusa ao longo do aspecto lateral do joelho. Estes pacientes, freqüentemente, são incapazes de indicar um ponto específico de dor, mas, caracteristicamente, tendem a usar a palma da mão para indicar a dor ao longo de toda a face lateral do joelho. Com o tempo e a continuação da atividade, os sintomas progridem para um desconforto mais doloroso e puntiforme, localizado no epicôndilo lateral do fêmur e /ou lateral do tubérculo tibial.

Síndrome da Banda Iliotibial

Normalmente, a dor começa após a conclusão de uma corrida ou vários minutos em uma corrida, no entanto, como a banda iliotibial torna-se cada vez mais irritada, os sintomas geralmente começam mais cedo, logo no inicio  de um treino, passando a  ocorrer mesmo quando a pessoa está em repouso. Os pacientes, freqüentemente, observam que a dor é agravada durante a execução treinos prolongados, durante “sprints”, ou quando o indivíduo permanece sentado por longos períodos de tempo com o joelho.

 

Diagnóstico da Síndrome da Banda Iliotibial

No exame físico, nota-se sensibilidade à palpação lateral do joelho a aproximadamente 2 cm acima da linha articular. Freqüentemente é pior quando o paciente está em uma posição com joelho flexionado a 30 graus. Neste ângulo, a banda iliotibial desliza sobre o côndilo femoral lateral e há máxima tensão, reproduzindo, assim, os sintomas. Pode haver inchaço e pontos-gatilho no vasto lateral, glúteo médio, e bíceps femoral.

Se o diagnóstico está em dúvida ou outra patologia comum é suspeita, a Ressonância nuclear magnética (RNM) pode auxiliar no diagnóstico e fornecer informações adicionais. Na imagem ao lado, a seta branca mostra acúmulo de líquido no Epicôndilo femoral. Nos pacientes com Síndrome da Banda Iliotibial, a RNM mostra uma banda iliotibial espessada sobre o epicôndilo lateral do fêmur e, muitas vezes, detecta líquido em planos musculares profundos.

 

E agora, vou ter que abandonar o esporte?

De jeito nenhum! O tratamento da Síndrome da Banda Iliotibial requer modificação provisória da atividade física, alongamento e fortalecimento do membro afetado. O objetivo é minimizar o atrito da banda iliotibial sobre o côndilo femoral. O paciente deve ser sempre encaminhado para um fisioterapeuta capacitado.

A meta inicial do tratamento deverá ser o de aliviar a inflamação através da crioterapia e medicação anti-inflamatória. Durante a fase inicial do tratamento, o paciente deve nadar para manter a performance cardiovascular. Se um inchaço ou dor persistirem por mais de três dias após o início do tratamento, uma injeção local corticosteróide deve ser considerada.

Como a redução da inflamação , o paciente deve iniciar um regime de alongamento da banda iliotibial, bem como de rotadores do quadril e flexores do joelho e plantares do tornozelo. Assim que houver alivio da dor, um reforço programa de reforço muscular deve ser iniciado. Treino da força deve ser uma parte integrante do tratamento de qualquer atleta. Especial ênfase deve ser colocada no músculo glúteo médio. Este fortalecimento, inicialmente realizado pelo fisioterapeuta deve ter continuidade pelo treinador. Não só para o tratamento, mas também na prevenção da recidiva da lesão

A cirurgia é raramente indicada, mas o procedimento mais comum é a resseção da porção posterior da banda iliotibial. Retira-se uma pequena peça triangular ou elíptica da parte posterior da estrutura cobrindo o epicôndilo lateral do fêmur.

Importante: O conteúdo deste artigo é meramente informativo e não substitui uma consulta médica. Diagnósticos de lesões e opções de tratamento variam de pessoa para pessoa e dependem de fatores como sexo, idade, ocupação, etc, e portanto não devem ser generalizados. Consulte sempre seu médico. As informações deste site não devem ser utilizadas para auto-diagnóstico ou auto-tratamento.

 

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5 Comentários

  1. Parabéns Dr. Adriano a nova coluna de artigos, suas informações e dicas estão sendo muito aproveitadas no dia do meu trabalho.
    Abraço,
    Personal Trainer Claudia Adorno

  2. Obrigado por partilhar seus conhecimentos, Dr. Adriano.
    Este conteúdo foi de muitíssima importância para meu estágio em Fisioterapia.
    Abraço!

  3. Estou com essa lesão desde dezembro de 2018 até hj.
    Nesse tempo fiz quase dois meses de fisioterapia, treinamentos de fortalecimento, mobilidade articular, repouso por vários meses e nada da lesão ir embora.
    Quando a lesão iniciou, eu passava a sentir dores após 2 km e meia, atualmente logo no início em treinamentos em esteira a dor já vem aparecendo.
    Qual seria a melhor indicação de tratamento já que fisioterapia e treino de fortalecimento não resolveu o problema?

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