O crescente número de adeptos ao esporte das últimas décadas trouxe a tona um melhor conhecimento dos efeitos do exercício no corpo humano e deixou a medicina do esporte cada vez mais voltada para a prevenção de lesões. Hoje, o “tripé” da prevenção de lesões inclui a análise da postura e biomecânica onde o seu biotipo e como você se comporta ao praticar determinado esporte são analisados.
O exame da avaliação dinâmica da pisada, também conhecida como baropodometria e o equilíbrio muscular através da avaliação isocinética também são considerados hoje indispensáveis na avaliação inicial do individuo. Outro fator é a a preparação física para o esporte, ou seja, o condicionamento físico para determinado esporte, realizado por um preparador físico experiente e, se possível, observado por um fisioterapeuta.
Para esportes de envolvem desaceleração repetitiva dos membros inferiores como a corrida de rua, o trekking, e o tênis, por exemplo o treinador focará no fortalecimento excêntrico do quadríceps, ou seja na capacidade do músculo anterior da coxa contrair contra a resistência a fim de se absorver energia cinética, poupando as articulações. A melhoria da função do CORE lombar envolvendo técnicas de pilates também tem sido incluídos no rol de exercícios preventivos. Finalmente, o ganho progressivo de rendimento serve, basicamente, para que o treinador e a equipe médica dosem o desempenho do atleta no esporte a fim de se evitar sobrecargas de volume ou intensidade no treino. É muito comum que um corredor de rua que treina sem supervisão, por exemplo corra 10 a 20 km em dias seguidos e ao final de determinado tempo, desenvolva lesões.
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Importante lembrar que, além do esforço de repetição típico do esporte, muitas pessoas são também submetidas a cargas cíclicas do dia a dia como subir escadas, andar, muito tempo em pé, muito tempo sentados, muito tempo ajoelhados e isso, obviamente, possui efeito cumulativo.
Com estes conceitos em mente, seguem algumas lesões comuns e preveníveis:
1 – Condromalácia Patelar
A palavra provem da aglutinação dos radicais chondros, cartilagem e malacea, amolecimento, traduzindo portanto um “amolecimento da cartilagem” da patela. A condromalácia patelar é, portanto um amolecimento desta cartilagem, que pode evoluir para sua total destruição.
Em tese, qualquer pessoa pode vir a desenvolver esta condição, mas estudos recentes têm demonstrado que algumas características individuais do aparelho locomotor de cada pessoas pode predispor ao desenvolvimento da lesão. Isso incluiria pisada muito pronada ou supinada, joelhos em “x” ou arqueados, angulação e rotação anormais entre os ossos do quadril, diferença de comprimento dos membros e principalmente enfraquecimento e encurtamento de grupos musculares, gerando desequilíbrio entre músculos agonistas e antagonistas. As mulheres parecem estar especialmente em risco de desenvolve-la. O salto alto, que mantém o joelho em constante desaceleração e um fator importante.
Prevenindo:
- Correção de pisadas muito pronadas;
- Desequilibrios musculares;
- Aumento da capacidade do musculo anterior da coxa (quadríceps) em desacelerar e fortalecimento da musculatura do quadril.
2 – A fratura de estresse
A fraturas de estresse ocorrem por aumento muito rápido da intensidade, volume ou mesmo de uma mudança no tipo de treino em pessoas saudáveis ou pela falência óssea em pessoas com ossos enfraquecidos por doenças como a osteoporose, osteomalacia e osteopenia secundária a desequilíbrios hormonais como a tríade da mulher atleta e queda de testosterona em homens, por exemplo.
Prevenindo:
- Faca um check up para detectar erros de alimentação;
- Utilize calçado adequado com bom amortecimento;
- Realize preparo fisico direcionado ao esporte que pratica;
- Nunca faça “picos de treino” (aumento súbito e exagerado do volume e intensidade). Recomenda-se um acréscimo de até 10% semanal. Isto permite que os ossos se adaptem ao stress adicionado assim podendo suportar no futuro quantidades maiores de stress.
3 – A lesão ao ligamento cruzado anterior (LCA)
O entorse do joelho é, disparadamente o pela lesão desta estrutura. No futebol, esporte muito popular no Brasil, o trauma ocorre com o pé fixo ao solo, ou preso à perna do adversário, ocorrendo rotação anormal interna ou externa do fêmur em relação à tíbia. Em esportes que envolvem desaceleração súbita como o Volley, a lesão ocorre na aterrissagem com os joelhos flexionados e “caindo para dentro”. Para este mecanismo de lesão, as mulheres são mais suscetíveis.
Pelo fato do ligamento cruzado anterior não cicatrizar, é de comum acordo entre a maioria dos autores no mundo de que tanto uma lesão total, quanto parcial, em pacientes ativos e que tenham queixas de falseio devem ser submetidos a cirurgia de reconstrução do ligamento cruzado anterior para que possa restabelecer a estabilidade e função.
Prevenindo:
- Realize preparo físico direcionado ao futebol;
- Invista no treino para ganho de agilidade neuromotora (pliometria);
- Realize fortalecimento do CORE;
- Faça o reequilíbrio muscular tanto em academia, quanto pelo dinamômetro isocinético.
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4 – A protusão discal da coluna vertebral
Apesar de estar ligada a um forte componente familiar, durante o esporte, a coluna sofre cargas excessivas nos discos intervertebrais, fazendo assim com que a longo prazo, degenerem perdendo propriedades de proteínas, causando microfissuras no disco intervertebral, que funciona como um amortecedor entre as vértebras até em um estágio final se tornando uma Hérnia de Disco ou uma protusão discal.
Contribuem para a desidratação e perda de altura do disco hábitos que causem aumento de sua pressão como muito tempo sentado em posição de flexão lombar, tabagismo, obesidade e sedentarismo.
Nos esportes, a lesão pode ocorrer em lutas, tenis e levantamento de peso devido a aumento da pressão abdominal e rotação da coluna ou por micro-trauma de repetição no ciclismo, principalmente em atletas que negligenciam o ajuste do quadro, altura do guidão e selim.
Prevenindo:
- Fuja do sendentarismo;
- Mantenha-se dentro de seu peso ideal;
- Realize o fortalecimento do CORE direcionado ao esporte que pratica;
- Não fume;
- Evite permenecer muito tempo sentado. Segundo a Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatolgia (SBOT), o ideal é se levantar a cada 40 minutos.
5 – A distensão muscular
Classicamente, durante o chute a uma bola ou durante um “Sprint” na corrida, um grupo muscular se contrai vigorosamente objetivando força, enquanto outro grupo estica-se contra a resistência, objetivando modular o movimento (contração excêntrica). Neste momento, por não resistir a força do primeiro grupo (agonistas), os antagonistas sofrem tração excessiva e se rompem. Nos membros inferiores, os músculos mais acometidos são os posteriores de coxa (isquiotibiais), adutores da coxa e panturrilha.
Prevenindo:
- Não deixe de aquecer corretamente;
- Faça a hidratação adequada;
- Fortalecimento muscular;
- Realize o reequilibro isocinético muscular;
- Realize preparo físico direcionado ao esporte que pratica.
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