Muita gente faz buscas na internet desesperado por conta do grau da condropatia patelar e se assusta com o que lê. 

Condropatia grau 3 e 4: qual é a pior??Lembrando que a cartilagem é um tecido avascular que não recebe sangue, sendo uma estrutura de difícil regeneração. Ela é composta de pouquíssimas células e muita matriz extracelular e a sua função é absorver energia cinética e transmitir entre os ossos.

Infelizmente o potencial regenerativo da cartilagem é muito baixo e uma vez que a pessoa tenha tido alguma lesão, o grau da cicatrização vai depender de diversos fatores como sexo, idade, nível de atividade física, peso e a resposta biológica individual de cada pessoa.

Uma vez que a cartilagem tenha sido machucada de maneira aguda por um trauma, entorse, contusão, luxação na patela ou de microtrauma de repetição, pode resultar em uma lesão crônica como a condromalácia, por exemplo:

Chamamos de Condropatia a doença da cartilagem.

A Condropatia possui alguns sinais e sintomas clássicos como a dor, inchaço, a perda de massa muscular e atrofia muscular, chamada de inibição artrogênica do quadríceps. 

O tratamento da condropatia é um grande desafio da Medicina Esportiva porque envolve não só a lesão em si, mas também muitos fatores individuais, como a genética, a capacidade de regeneração. 

Condropatia e Sinovite artrítica 

A partir do momento que a pessoa tem uma condropatia que foi desencadeada por um trauma ou por uma entorse, por exemplo, o que acontece se a gente não fizer nada?

Existe uma espécie de reação inflamatória chamada Sinovite Artrítica, que a médio ou longo prazo vai destruir a cartilagem como um todo e levar a um estágio final chamado ARTROSE

Hoje em dia é possível e necessário agir de maneira mais precoce e mais rápida ao pensar em condropatia. Nos graus de condropatia, sabemos que a classificação mais usada no mundo é a Classificação de Outerbridge.

Essa classificação separa a Lesão Condral desde Grau 1 a Grau 4. O grau I é quando começa a perder fibrilação, começa a perder a primeira camada já o grau 4 é quando chega no osso subcondral – osso abaixo da cartilagem,quando chega no osso é quando assusta muitas pessoas. 

É aquela pessoa que torceu o joelho e fez uma erosão osteocondral. Quando a erosão osteocondral chega até o osso osteocondral, ou seja, uma entorse de joelho seguida de uma lesão grau 4, por incrível que pareça, o prognóstico é melhor!

Por que isso acontece? 

Nos anos 90 quando foram feitas as primeiras ressonâncias magnéticas e começou a se notar as pessoas tinham aquelas lesões profundas, achava-se que o prognóstico era pior. 

Na verdade, foi visto que aquela lesão grau 4 tinha um prognóstico melhor do que uma lesão grau 3. POR QUE? 

Descobriu que quando a lesão chega até o osso, esse sangramento do osso, esse trauma do osso libera um tipo de célula tronco chamado CÉLULA-TRONCO MESENQUIMAL. É uma célula tronco que se transforma em tecidos do aparelho locomotor – tendão, músculo, osso e cartilagem. A migração dessa célula dentro da cartilagem tem potencial maior de regeneração. 

Abriu-se uma grande luz com essa descoberta entre os médicos que estudam cartilagem de que o osso logo abaixo da cartilagem seria uma grande chave na regeneração cartilaginosa.  

 

A lesão grau 4, quando se apresenta de maneira aguda, existe um potencial melhor de regeneração espontânea do que uma lesão Grau 2 e Grau 3. Isso de maneira aguda, aquela pessoa que não tinha nada, se machucou e teve lesão. 

E quando pensamos em lesão crônica?Aquela pessoa que tem uma Condromalácia ou uma lesão em espelho, uma erosão condral na tróclea ou na área de carga do fêmur. Qual o prognóstico nesses casos? 

Aí então passa a ser ao contrário,quem tem uma condromalácia grau 4 em que a cartilagem foi fibrilando até chegar no osso e existe uma tentativa de regeneração. Se ela é crônica, demonstra que o organismo não conseguiu regenerar. 

Nos casos onde é constatada uma lesão que não vai regenerar, é necessário intervir de alguma forma com algum recurso regenerativo para que essa cartilagem consiga ser formada parcialmente ou totalmente para que a pessoa fique sem sintomas. 

O que existe hoje para isso? 

Existe uma linhagem muito grande de recursos regenerativos. Nem todos eles são 100% eficazes porque depende do fator individual como a genética. 

Tratamentos 

A primeira linha de tratamento é o ácido hialurônico. Existem diversas marcas e diversos produtos em concentrações diferentes, e alguns deles têm um bom potencial regenerativo. Isso é bastante estudado pela ciência, e esses estudos encorajam e mostram bons resultados com essas alternativas no que se refere a Condropatias Crônicas em pessoas acima de 35 anos de idade. 

Quando temos uma lesão, ou de microtrauma de repetição ou uma lesão traumática aguda em uma erosão focal, podemos lançar mão da MICROFRATURA. 

Essa técnica veio do conceito desenvolvido após a descoberta que o osso abaixo da cartilagem possui células-tronco e solta as células mesenquimais.

Esse estímulo obtido através das microfraturas (abrasão no osso para que aquelas células sejam estimuladas e de alguma forma se transformem em cartilagem), resulta na produção de uma célula que se chama condrócito, responsável por fabricar a matriz extracelular e favorecer a regeneração cartilaginosa. 

MEMBRANA DE COLÁGENO 

Essa célula mesenquimal bate na membrana de colágeno, que é altamente porosa e é indutora nessa transformação da célula em cartilagem. Esse tratamento apresenta resultados excelentes quando muito bem indicado. Junto a isso, é feita uma aspiraçao de medula óssea que normalmente é retirada do osso da bacia que é teoricamente rico nesse tipo de célula e implantado no local da lesão. A indicação e conjugação com a alternativa do aspirado depende de cada caso e da opinião de cada médico. 

Os graus da lesão cartilaginosa vão ditar o prognóstico.

Se você tem uma lesão cartilaginosa Grau 3 e Grau 4 traumática aguda, por incrível que pareça, se muito recente, existe uma possibilidade dela cicatrizar sem intervenção cirúrgica e o prognóstico não é ruim. 

Por outro lado, se uma lesão grau 4 confirmada com sinais de agravo demonstrados na ressonância como o edema ósseo, excesso de líquido ou derrame articular, o prognóstico passa a ser pior. Nesses casos, a depender da idade e do nível de atividade física, será necessário lançar mão de algum recurso regenerativo para que essa cartilagem consiga voltar e recapear de alguma certa forma aquele buraco gerado, para que você volte a ter qualidade de vida e retome as atividades físicas.

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