Você sabia que existe uma técnica capaz de estimular a formação de uma nova cartilagem no joelho, mesmo quando a original não consegue se regenerar?
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Esse procedimento, chamado microfraturas, foi criado nos anos 1980 e se tornou um dos mais utilizados no mundo para tratar lesões da cartilagem articular, especialmente em pessoas que sofrem com dor persistente no joelho e falharam em tratamentos conservadores. Ela pode ser uma forte aliada no tratamento da artrose.
Aqui te explicarei de forma clara e direta como funciona essa cirurgia, para quem ela é indicada, como é feita e o que esperar do pós-operatório.
Os problemas da cicatrização da cartilagem articular
A cartilagem articular é um tecido que não possui irrigação sanguínea nem inervação. Ela é formada por quatro camadas e tem como função principal atuar como um colchão protetor entre os ossos, absorvendo impacto e distribuindo de forma homogênea a energia cinética nas articulações.
O grande desafio é que, quando há uma lesão, o potencial de cicatrização da cartilagem é muito baixo, praticamente nulo, exceto em alguns casos bem específicos.
Sempre que aparecem os chamados sinais cardinais da condropatia — como dor no joelho, inchaço (derrame articular, ou “água no joelho”), estalos no joelho ou atrofia muscular — e percebemos que a cartilagem não está cicatrizando, precisamos pensar em algum procedimento regenerativo. Entre eles, o mais estudado e consagrado pela literatura é justamente a técnica das microfraturas.
Tratamento conservador das condropatias
É importante lembrar que nem toda condropatia exige cirurgia. Quando a lesão está localizada principalmente entre a patela e o fêmur (condropatia femoropatelar) e é resultado de microtraumas de repetição — como em pessoas que pedalam, correm ou frequentam academia —, a primeira escolha é sempre o tratamento não cirúrgico das condropatias.
Esse tratamento combina:
- Medicações e infiltrações com ácido hialurônico;
- Fisioterapia, que começa com analgesia e ativação muscular inicial e progride para fortalecimento;
- Treino controlado na academia, com reintrodução gradual das atividades.
Quando não há sucesso com esse protocolo, ou em casos específicos, partimos para a indicação cirúrgica.
Indicações do procedimento de microfratura
Existem alguns perfis de pacientes em que a técnica de microfraturas é indicada. Entre eles:
- Falha do tratamento conservador em casos de condromalácia ou erosão femoropatelar que não melhoraram com fisioterapia e infiltrações;
- Lesões traumáticas agudas pequenas, geralmente menores que 1 cm², observadas na ressonância magnética após uma torção do joelho;
- Tilt patelar excessivo, identificado na tomografia, quando a patela é muito inclinada ou lateralizada, gerando pressão femoropatelar lateral. Nesses casos, pode ser associada a outros procedimentos, como osteotomias no fêmur;
- Lesões encontradas durante outras cirurgias, como na reconstrução do ligamento cruzado anterior, quando a artroscopia mostra erosão de cartilagem;
- Pacientes com pouca memória muscular, que não conseguiriam se recuperar adequadamente de cirurgias abertas mais complexas, como as de biomembranas;
- Pacientes com mais de 45 anos ou com casos específicos de acondroplasia.
Para ter uma ideia de como isso funciona, veja o vídeo “Microfraturas – Tratamento de Lesão Cartilaginosa”:
- Lesões encontradas durante outras cirurgias, como na reconstrução do ligamento cruzado anterior, quando a artroscopia mostra erosão de cartilagem;
O que é e como é feita a cirurgia de microfratura, para reparo da cartilagem?
As microfraturas são uma técnica de cirurgia minimamente invasiva, realizada por artroscopia (quando é colocada uma câmera dentro do joelho). O objetivo é estimular a formação de uma nova cartilagem, chamada de fibrocartilagem, que substitui a área lesionada.
Como funciona na prática:
- Introdução da câmera no joelho para visualizar a lesão;
- Desbridamento (raspagem) da área desgastada até alcançar o osso subcondral;
- Perfurações no osso com instrumentos específicos (como o “picking” ou perfurador), gerando microfuros bem finos e profundos;
- Essas perfurações permitem que células da medula óssea, chamadas de células mesenquimais, migrem até a área lesionada;
- Essas células produzem uma nova cartilagem, conhecida como fibrocartilagem, semelhante à original e capaz de proteger o osso.
Hoje a literatura recomenda cada vez mais a técnica chamada de nanofraturas, que utiliza perfurações ainda menores e mais controladas, com melhores resultados.
Vale lembrar que, em pacientes muito ativos e atletas, a indicação é restrita, já que a fibrocartilagem tem um tempo de durabilidade limitado e pode falhar no longo prazo.
Pós operatório e recuperação
A recuperação exige disciplina e acompanhamento multidisciplinar.
- Muletas: de 6 a 8 semanas para proteger o joelho;
- Fisioterapia imediata: iniciada no dia seguinte à cirurgia, começando com analgesia e progressão para fortalecimento;
- Atividades cardiorrespiratórias: a partir da segunda semana, como natação com flutuador, exercícios de braço ou treino de membros superiores;
- Acompanhamento com exames de imagem: a ressonância com mapeamento T2 ajuda a monitorar a formação da nova cartilagem.
Retorno ao esporte, após procedimento de microfratura
O retorno às atividades esportivas é gradual e seguro, sempre acompanhado de equipe médica e fisioterápica. O protocolo envolve:
- Testes funcionais e neurossensoriais;
- Trabalho de força, aeróbico e flexibilidade;
- Reintrodução progressiva no esporte, evitando sobrecarga precoce.
O que é mais importante
O procedimento de microfraturas no joelho é uma técnica consagrada, eficaz e segura em casos bem selecionados. Ele representa uma oportunidade para pacientes que já tentaram tratamentos conservadores sem sucesso, especialmente em lesões pequenas ou em pessoas acima dos 45 anos.
Apesar de não ser a solução definitiva para todos os casos, ele pode devolver qualidade de vida, reduzir a dor e permitir o retorno às atividades do dia a dia — e até mesmo ao esporte.