A tendinopatia no joelho é uma doença que pode ser bastante debilitante. É muito importante o entendimento de como ela ocorre, como deve ser feita a sua prevenção e o tratamento.

Os tendões são estruturas formadas de células, que estão inseridas e mergulhadas em uma matriz de proteínas, somadas a fibras de tecido de colágeno. Estes são fundamentais na funcionalidade do ser humano, pois permitem a ligação entre estruturas, de forma estável, mas ao mesmo tempo, móvel. Na articulação do joelho, eles são fundamentais para as atividades de vida diária e o esporte em geral.  Quando ocorrem inflamações destes tendões, por diferentes motivos, temos uma tendinopatia de joelho. 

 

É importante entender que a tendinopatia no joelho é diferente de uma tendinite. 

 

Tendinopatia de joelho é diferente de tendinite?

 

Sim, apesar de serem ambas causadas por uma inflamação nos tendões, tendinopatia e tendinite são diferentes. A tendinite patelar é um quadro agudo de inflamação. Ou seja, não é algo contínuo e geralmente, é resultado de determinadas situações, como impactos, traumas, movimentos errados ou outros. 

Já a tendinopatia é uma doença crônica. Ou seja, a inflamação vai e volta, mas está “instalada” no tendão. 

Agora que estas diferenças estão claras, para entender melhor a tendinopatia no joelho, temos de entender a estrutura dos tendões. 

Tendões do joelho, estrutura e morfologia

 

Em situações normais, um tendão é capaz de suportar estiramentos de até 4% de seu comprimento, sem que haja lesões ou prejuízos à sua estrutura. 

Nestas condições, após o estiramento, o tendão volta às suas condições estruturais anteriores, sem deformidades ou prejuízos estruturais. 

Ou seja, estamos tratando de tecidos muito resistentes. Em condições normais, os tendões conseguem suportar até 50 e 100N/m² de carga, sem gerar lesões.

 

tendinopatia no joelho- tendões do joelho
Tendões e demais estruturas do Joelho.

 

A matriz proteica dos tendões é formada por proteoglicanos, um grupo heterogêneo de proteínas com muitas funções diferentes. A matriz é idealmente construída para realizar sua principal função, a transferência de forças entre o músculo e o osso.

 

Leia também: O que é tendinite crônica? Entenda as causas, sintomas e tratamentos

 

Não é um tecido estático que se adapta de acordo com a intensidade, a direção e a frequência de cargas aplicadas, um processo de remodelação mediado por fibroblastos. A matriz é constantemente remodelada durante a vida, embora altas taxas de “turnover” sejam encontradas nos locais expostos a elevados níveis de estiramento, compressão ou deslizamento.

No geral, os tendões têm baixo metabolismo e vascularização pobre. 

 

Por isso, quando estes estão em uso inadequado (padrões de movimento alterado) ou em constante impacto (excesso de uso), suas estruturas entram em processo inflamatório. 

No caso da tendinopatia no joelho, como já mencionei acima, isso significa que o problema já é crônico e necessita de tratamento ortopédico. 

 

Tendinopatia no joelho, quais são as causas mais comuns?

 

As tendinopatias podem ser causadas por uma série de fatores. Em alguns casos, elas podem vir a ser resultado de uma série de tendinites que não foram devidamente tratadas. Esse caso é bastante comum, inclusive. 

Além disso, como já mencionado, tendões que sofrem estiramentos acima de sua capacidade (4% de seu comprimento), acabam sofrendo microtraumas, que vão danificando suas estruturas. Neste caso, o processo inflamatório é uma resposta do corpo a este tipo de problema. 

Nas tendinopatias patelares foram encontrados: o aumento nas expressões do TGFẞ1 (distúrbio das citocinas), o aumento da proliferação celular mediada pela PDGFẞ (hipercelularidade) e o aumento na deposição de glicosaminiglicanos sulfatados (aumento da deposição de proteoglicanos).

Tendinopatias são multifatoriais e o processo degenerativo que precede a ruptura do tendão pode resultar de uma variedade de eventos fisiopatológicos. Muitas questões ainda permanecem sem resposta sobre o papel dos tenócitos e outros tipos de células no processo patológico.

No geral, o processo de cura das tendinopatias sem intervenção médica, tende a ser bastante falho. Isso acontece porque como o tecido tem pouca atividade metabólica e é pobre em vascularização, a cicatrização e reparo de um estado de inflamação crônica, é muito baixo. 

Neste sentido, é fundamental que, diagnosticada a tendinopatia no joelho, haja um acompanhamento ortopédico constante. 

 

Causas mais comuns da tendinopatia no joelho

 

Problemas genéticos

Algumas pessoas podem desenvolver tendinopatias por causa de defeitos genéticos que afetam a formação das fibras de colágeno dos tendões. 

 

Doenças sistêmicas

Determinadas doenças sistêmicas podem fazer com que o metabolismo dos tendões seja prejudicado e com isso, a força e elasticidade dos mesmos, é reduzida. Isso pode gerar problemas como as tendinopatias. 

 

Tendinopatia no joelho 2

Fluxo vascular irregular

Fluxo sanguíneo irregular pode comprometer as estruturas tendinosas e reduzir sua funcionalidade, gerando degeneração e consequentemente, a tendinopatia. 

Idade

A idade também é um fator determinante no surgimento das tendinopatias. Diminuição de força e flexibilidade são algumas das causas mais comuns de tendinopatia de joelho, em pessoas acima de 55 anos. 

Modificações no tipo e distribuição do colágeno, também estão atreladas a idade e são fatores de risco para a tendinopatia. Tudo isso pode ser modificado pelo estilo de vida. 

 

Cargas assimétricas 

 

O stress assimétrico nas fibras de colágeno dos tecidos, gera sobrecargas indevidas e acaba trazendo risco de tendinopatias. 

Excesso de peso e desequilíbrios musculares, são alguns dos fatores mais comuns nas tendinopatias no joelho. 

Flexibilidade diminuída

A redução da flexibilidade em músculos como os isquiotibiais, gastrocnêmio e quadríceps, estão diretamente ligadas ao desenvolvimento de tendinopatia no joelho. 

 

Técnica incorreta de movimento ou excesso de uso

 

No caso de atletas, a técnica inadequada de movimento, ou até mesmo o excesso de uso, podem causar rompimentos nas fibras do tendão e gerar tendinites ou tendinopatias. 

 

Sintomas das tendinopatia no joelho

 

Os sintomas mais comuns da tendinopatia são:

 

– Redução de força, funcionalidade e desempenho esportivo. 

– Dor articular.

– Rigidez aumentada na articulação. 

– Dor local durante a palpação. 

Além disso, no exame clínico, ainda é possível encontrar edemas, espessamento, deformidades e assimetrias no tendão. 

 

Como é feito o tratamento das tendinopatias?

 

O tratamento das tendinopatias depende de uma série de fatores. Se estivermos falando de um atleta, a abordagem e timeline do tratamento é muito diferente do que se o paciente for um idoso. 

O primeiro ponto, é o exame clínico e físico, onde será possível diagnosticar a tendinopatia e excluir outros tipos de patologias. 

 

Leia também: Hofite ou síndrome de Hoffa o que é, diagnóstico e tratamento

 

Em alguns casos, a depender do quadro, é necessário a utilização de medicamentos e nutracêuticos, para a redução das dores. No caso dos nutracêuticos, depende muito de cada caso. 

Depois disso, passamos para o estágio de fisioterapia. Na fisioterapia, será possível realizar procedimentos de analgesia e redução da rigidez articular. 

Isso fará com que o tendão seja mais vascularizado, potencializando o efeito de cicatrização. 

Além disso, é importante melhorar fatores que geram a tendinopatia no joelho, como falta de flexibilidade e desequilíbrio muscular. 

Depois disso, é fundamental que a pessoa que tenha tendinopatia, vá para um profissional de educação física, que realizará uma periodização adequada e um planejamento para a redução de fatores causadores do quadro. 

Lembre sempre que este tipo de tratamento deve sempre ser acompanhado de perto pelo ortopedista. 

Para entender melhor, veja este vídeo que fiz sobre tendininte patelar!

 

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