A condromalácia patelar, é uma doença muito prevalente na população. Os estudos mostram que ela é a principal causa de dor no joelho ou aquela dor anterior do joelho. É uma doença frequente de 2 a 3 vezes mais e mulheres e nesse texto explicarei por quê.
O que causa a condromalácea patelar ?
Existem os fatores intrínsecos, ou seja, ligados à pessoa e os fatores extrínsecos: a forma de como a pessoa pratica o esporte.
● O principal fator intrínseco inclui os chamados fatores biomecânicos, onde a má qualidade de movimento da articulação, principalmente a falta de sincronismo entre o quadril, joelho e tornozelo fazem com que superfícies cartilaginosas sofram hiperpressão em um ponto só e, em determinado momento, sofram a falha.
● Fatores anatômicos, como por exemplo o joelho do tipo x ou a rotação externa aumentada dos quadris, rotação externa aumentada da tíbia, excesso de peso, alimentação inadequada, uma alimentação mais inflamatória.
● Prática esportiva inadequada: quando você sai do zero e aumenta de maneira abrupta, o volume de treinamento, principalmente você que treina sem orientação.
Sintomas da Condromalácia patelar
Os principais sintomas da condromalácia patelar são:
● Dor
principalmente em descidas de escadas. Essa dor pode começar em adolescentes geralmente meninas de 15 anos a 18 anos já começa a desenvolver essa dor principalmente mulheres que tem algum fator anatômico por trás.
● Crepitação no joelho
aquele barulho chamado de crepitação ou rangido que parece um couro crepitando quando há movimentação da articulação.
● sensação de bloqueio
Existe uma sensação de bloqueio da patela, em que há percepção que o joelho não vai movimento no eixo correto.
● Inchaço no joelho
em situações um pouco mais avançadas, ocorre a atrofia muscular que é perda do volume muscular causado tanto pela dor quanto pelo inchaço no joelho. Conforme a doença vai avançando devido essa dor, essa inibição da musculatura do quadril começa a doer justamente pelo fato do nosso organismo está tentando fugir da dor.
Para quem tem condromalácea patelar, existe uma tendência a descer, desacelerar jogando o joelho para dentro e isso gera uma fricção no quadril. É muito comum mulheres com condromalácia patelar desenvolverem a Bursite Trocantérica.
O tratamento não cirúrgico é indicado em até 90% dos casos ou alguns casos que vão para a cirurgia. O principal fator de sucesso no tratamento da condromalácia patelar é a qualidade da fisioterapia, além da possibilidade de alguns recursos adicionais como a Infiltração com Ácido Hialurônico, Corticoide, bloqueio de dor bem como medicações para controle da dor e como já mencionado em diversos textos, não é possível evoluir no tratamento se não houver controle da dor. A partir do momento que há o controle, podemos dar um segundo passo que é a ativação muscular que é com a fisioterapia, academia ou qualquer ambiente que exista o treinamento funcional, de forma assistida e orientada. O profissional de Educação Física é cada vez mais presente e requisitado no tratamento da condromalácia patelar na condução da doença não só para a melhora da doença, mas para a entrada no esporte para prevenção de futuras lesões.
Então, aqui estão listadas as 10 principais causas do porquê muitas vezes a pessoa pode não estar melhorando no tratamento da Condromalácia patelar. Infelizmente esses motivos acontecem no dia a dia.
1) É possível que a sua dor não seja por causa da Condromalácia patelar
Existem diversas outras causas de dor no joelho que vão desde a Tendinite, Sinovite (aumento da reação inflamatória na articulação), dor de menisco, dor muscular, dor no quadril irradiando para o joelho. Ou seja, existem inúmeras outras e dentre elas, a doença cartilaginosa também é uma opção. É muito importante que o médico saiba examinar, e saiba se a dor do paciente tem origem cartilaginosa ou não, confronte os exames de imagem e faça um exame físico bem detalhado, até fazer o diagnóstico correto. Chegar ao diagnóstico correto, é pelo menos, 50% do caminho para ter sucesso no tratamento.
2) Fatores anatômicos não identificados
O joelho do tipo X ou joelho Valgo, que é a criança que começa a bater um joelho no outro ao se locomover, e é possível que ao alcançar a idade adulta esse joelho continue com os mesmos fatores. A pessoa com joelho valgo faz com que o movimento da patela não ocorra de forma simétrica, como chamamos de “fazer o movimento no trilho”, no eixo de movimento correto. Existe um aumento do ângulo Q em que um ponto só da cartilagem será mais exposto a pancada da movimentação errada e fora do eixo. Em algum momento esse local pode degenerar com o desgaste crônico e dará início à artrose. Através da Tomografia Computadorizada do joelho é possível avaliar se há alguma alteração anatômica do joelho e principalmente a lateralização da patela. Existe a ponta de um osso no joelho, chamado de Tuberosidade Tibial Anterior que também quando muito lateralizado, fora do lugar, existe um aumento do ângulo Q e aumento da pressão na cartilagem levando a uma Condromalácia. Se esses fatores não forem identificados, o tratamento pode falhar.
3) Não identificação de fatores biomecânicos
Se a pessoa possui Condromalácia, é importante não só fazer o diagnóstico da doença, mas saber o porquê do desenvolvimento dessa condição. É possível que a Condromalácia aconteça devido aos movimentos banais não serem realizados de maneira correta, como por exemplo subir as escadas ou realizar atividades domésticas e é possível que haja um distúrbio biomecânico associado. O dessincronizado entre o quadril e o joelho é uma possibilidade. É importante saber aplicar alguns testes funcionais no consultório para identificar de onde está vindo o problema e possamos resolver. Se não tratarmos a doença sem identificarmos a causa do problema, a fonte da condição irá permanecer e o tratamento não será efetivo.
4) Tratamento ineficiente
É possível que o controle da dor não seja feito de maneira correta. A infiltração com ácido hialurônico é um tratamento possível em graus intermediários, ou seja, nem no começo da doença, nem em graus avançados. A infiltração, bem como o controle da dor por radiofrequência ou medicamentoso é importante, mas a qualidade da fisioterapia também é bastante necessária. Se a qualidade da reabilitação não foi bem-feita, é necessário trocar o local da fisioterapia. Só voltamos o paciente para o esporte após a melhora de pelo menos 80-90% da dor. A ativação e melhoria da contração muscular também serão avaliadas para retorno às atividades.
5) Exercícios não foram prescritos
Existe um protocolo a ser seguido, um planejamento para ser feito posteriormente. Não devemos liberar o paciente sem um caminho de exercício a ser feito. As pessoas que tratam de Condromalácia patelar têm a chamada Cinesiofobia, que é o medo de fazer o movimento.
É importante o profissional de Ed. Física que entenda de Condromalácia patelar e saiba prescrever atividade física sem agressão articular para que o paciente aprenda a treinar, goste do esporte e veja qual o melhor esporte para ele. De toda forma e em qualquer esporte, é necessário um tratamento paralelo para completa reabilitação.
6) Não fazer a tarefa de casa
O paciente não fez a fisioterapia adequada, não conseguiu perder peso, não seguiu o protocolo adequadamente, logo, o tratamento não funcionou.
7) Tratamento baseado exclusivamente em nutracêutico para Condromalácia patelar
Infelizmente, não foram poucas vezes que nos deparamos com pacientes em tratamento para Condromalácia patelar em que o único tratamento prescrito foi um nutracêutico como a Glicosamina, Condroitina, Colágeno e Diacereína. Sabemos que esses tratamentos são bastante controversos e não existe nenhuma evidência científica de que a pessoa melhore apenas tomando essas medicações. As pessoas que melhoraram, os estudos existentes não conseguem comprovar se existia a questão do efeito placebo. É muito importante, se caso prescrito nutracêuticos, a entrada com “medicamentos” que realmente possuam comprovação de benefício, como a atividade física regular e dentro do limite fisiológico do paciente.
8) Tentativa de fortalecimento pulando a reabilitação
Na maioria das vezes o indivíduo sabe da importância da academia na reabilitação e fortalecimento, mas existe a Inibição Artrogênica do Quadríceps que é: quando sentimos dor, o cérebro começa a desligar aquela musculatura em volta do joelho chamada de quadríceps. O movimento tende a ficar mais complicado e às vezes é feito através do tremor. É um efeito catabólico ao invés de anabólico ao fazer o movimento pois não está sendo feito de forma adequada e passando por cima da reabilitação, sem o controle da dor. Não é possível apenas ir para a academia para resolver a lesão sem antes passar por uma linha que possui consulta médica diagnóstica, reabilitação, treinamento e então, o fortalecimento.
9) Tratamento baseado principalmente com ácido hialurônico para a Condromalácia patelar
O ácido hialurônico é um grande aliado no tratamento das doenças cartilaginosas, especialmente em grau 2, grau 3 que são graus intermediários. Esse tratamento altera as conformações químicas da doença cartilaginosa e apesar de não regenerar a cartilagem, há um alívio da dor e abre uma janela terapêutica para a entrada do profissional de fisioterapia para conseguir fortalecer e ativar a musculatura. É bastante comum que o paciente seja conduzido ao tratamento com infiltração de ácido hialurônico com recomendação para voltar em 6 meses e não é prescrito um treinamento ou uma boa qualidade de reabilitação e ele vira um “refém da agulha”. O principal risco dessa atitude é uma Sinovite, uma reação inflamatória após a infiltração, logo, a dor piora. O risco mais temido é a infecção durante a aplicação do Ácido Hialurônico e pode haver danos irreversíveis.
10) Tudo o que é cirúrgico, é cirúrgico!
Se existe indicação de um tratamento cirúrgico para a condromalácia, principalmente nos graus mais avançados como o 3, 4 ou ligados a defeitos anatômicos, devem ser tratados cirurgicamente. Outras tentativas de tratamentos podem não dar certo, mesmo que haja uma melhora por poucos dias e depois retorno da dor. É muito importante explicar ao paciente todo o quadro, onde está o defeito, para que o tratamento seja efetivo. No roll cirúrgico existem diversas técnicas diferentes para alívio e tratamento da dor de forma mais efetiva, como a Limpeza Articular, Membrana de Colágeno, Osteotomias, alterações no osso da Tuberosidade Anterior, entre outras que são escolhidas para cada caso e para cada alteração anatômica existente.
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