A lesão da cartilagem articular é conhecida em linguagem medica como lesão condral, erosão profunda de cartilagem e erosão condral, quando acomete somente a cartilagem. Ou, ainda, erosão osteocondral, quando acomete a cartilagem e o osso.

A lesão é a alteração em um tecido extremamente especializado e delicado, formado por diversos tipos de células dispostas em várias camadas de revestimento das porções ósseas. Estas permitem que a articulação trabalhe sem causar um desgaste desnecessário em suas delicadas superfícies.

Isso porque estão em contato entre si formando as juntas. Todavia, as lesões podem ocorrer por mecanismos traumáticos ou não traumáticos. Neste sentido, está a entorse, por exemplo. É importante também destacar que muitas vezes o quadro traz sérias consequências.

Lesão profunda da cartilagem: entenda como ela surge

Este tipo de problema ocorre quando a cartilagem hialina de revestimento passa por um processo de danificação devido a degeneração. Situação de trauma, na maioria dos casos, também leva a lesão. A aparência na ressonância magnética (RM) vai depender da causa. 

É possível verificar alterações degenerativas que podem comprometer a cartilagem desde o edema. Ademais, fissuras nas camadas superficiais surgem até atingir camadas profundas na área de carga. A lesão pode estar associada a edema da medular óssea subcondral.

 A classificação comum das lesões de cartilagem se dá da seguinte maneira:

  • Grau 0 – normal;
  • Grau 1 – alteração de sinal somente;
  • Grau 2 – irregularidade das camadas superficiais;
  • Grau 3 – irregularidade das camadas médias;
  • Grau 4 – fissura condral profunda.

Há ainda uma alteração condral conhecida como delaminação. Ela se caracteriza pela separação da cartilagem do osso subcondral. Neste aspecto, a linha de delaminação corre paralela à superfície articular, onde a cartilagem inicialmente está sem lesão. E este é um quadro com prognóstico ruim se não tratado adequadamente.

Erosão condral profunda

A erosão condral profunda ocorre quando há uma irregularidade ou afilamento da superfície óssea que protege a cartilagem hialina. Assim, ocorre que o osso subcondral se expõe favorecendo as lesões ósseas, aparecendo a erosão. No início há um edema, que corresponde a sensação de dor.

As formações císticas, ou melhor semelhante a cisto, ocorrem por duas teorias. A primeira relacionada à intrusão de fluido sinovial por pequena fissura. A segunda, por contusão óssea repetida e posterior necrose do osso subcondral pela exposição e atrito de duas superfícies ósseas. A maioria destas lesões tornam-se artrose no futuro caso nada seja feito.

Cartilagem regenera?

A cicatrização de uma erosão profunda de cartilagem de maneira espontânea é praticamente nula. Uma vez que o defeito ocorra, ele permanece e vai aumentando em diâmetro e profundidade ao longo do tempo, gerando dor, crepitação e inchaço no joelho.

Por isso, a avaliação e a intervenção médica deve ser feita o mais breve possível.

Fatores como localização da lesão, tamanho e profundidade, nível funcional do paciente e objetivos colaboram para o desenvolvimento do tratamento. Além disso, a presença de lesões concomitantes e intensidade da queixa do paciente também precisam ser considerados.

A terapia de regeneração da cartilagem envolve diversos níveis. Os dois primeiros são não cirúrgicos:

Nível 1 – Viscossuplementação ou infiltração articular com ácido hialurônico

Diversos estudos demonstram que tem o poder de reagrupar as fibras lesionadas de colágeno, reduzir inflamação e morte celular. Existem em diversas concentrações e associações.

 

Nível 2 – Terapia Celular

Ainda em estudo, envolve tanto os sinalizadores celulares como o plasma rico em plaquetas (PRP), quanto a terapia com células estaminais (células-tronco). Em território nacional, este tratamento encontra diversas barreiras de homologação e só é autorizado para fins experimentais.

Nível 3 – Engenharia de Tecido

São técnicas que promovem a regeneração cartilaginosa através de artefatos que estimulem a transformação da célula-tronco do indivíduo em cartilagem. A técnica autorizada aqui no Brasil é a Membrana Autóloga indutora de condrogênese, ou biomembrana.

Outras técnicas praticadas fora do Brasil como a Cultura Autóloga de Condrócitos ainda não tem autorização para ser realizada por aqui.

Enquanto procedimentos promissores ainda não são regulamentados por aqui, medidas preventivas e que possam retardar a evolução da lesão devem ser feitas em todos os casos pelo profissional adequado. Mas, de maneira geral, cada indivíduo precisa da avaliação de medidas específicas, como:

  • Manter o peso controlado;
  • Prática regular de esportes;
  • Fortalecimento muscular;
  • Qualidade do movimento e sincronismo entre as articulações.

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