A dor na região de dentro do joelho é uma das queixas mais comuns de diferentes pacientes. Mas quais as causas mais comuns? Quais os tratamentos? Veja neste artigo! 

É importante relembrar a anatomia do joelho!

Na medicina chamamos tudo que está na região de dentro de medial e tudo que está na região externa é chamado de lateral. Abordaremos então os termos de dor interna ou dor medial no joelho. Estatisticamente, é o 2.o local de maior acometimento de dor no joelho, estando atrás apenas da dor anterior do joelho.

Para facilitar o entendimento das causas que podem causar dor na parte de dentro do joelho, vamos dividir em causas traumáticas, ou seja, ligadas a uma pancada ou entorse no joelho e causas não traumáticas.

 

Causas da dor na região de dentro do joelho

 

I. Causas traumáticas:

Lesão do ligamento colateral medial

A lesão do ligamento colateral medial é uma lesão muito frequente no futebol e acontece quando o adversário dá uma entrada na região externa (região lateral do joelho) e todo o movimento é empurrado para a região do lado oposto, o lado de dentro do joelho. Esse ligamento pode ser lesionado sozinho ou pode estar associado também a lesão do ligamento cruzado anterior ou de qualquer outra estrutura dentro do joelho também. E para definir isso, depende da energia cinética do trauma, depende da força desse impacto e se existe ou não rotação do joelho.

Geralmente quando o ligamento colateral medial é lesionado de maneira isolada não existe inchaço ou edema no joelho porque ela é uma estrutura extra articular, o ligamento está fora do joelho.

Existe uma dor no momento da lesão, a pessoa consegue até voltar a jogar, mas ao longo do tempo ela não consegue mais caminhar pois existe uma formação de uma reação inflamatória na região de dentro do joelho e a pessoa não consegue mais andar. O tempo de recuperação depende do grau de lesão.

Para classificar a lesão do grau 1 ao grau 3, obviamente o grau 1 volta ao esporte um pouco mais rápido e o grau 3 ou alguns casos mais extremos demandam tratamento cirúrgico pois o joelho fica instável na região de dentro.

Tanto o grau 1 quanto o grau 2 que são de tratamento não cirúrgico, uma característica muito importante é que mesmo cicatrizando, é uma cicatrização por fibrose e mantém uma dor residual. Essa cicatriz fica como uma cola no osso chamado Epicôndilo Medial (local em que o ligamento colateral se insere).

O tratamento dessa dor residual é muito simples: hoje, após o ultrassom diagnóstico, é muito mais fácil achar a causa dessa dor e com isso é possível achar o ponto de fibrose ou aderência desse ligamento no osso ou no ligamento e faz um procedimento chamado de Hidrodissecção.

Nesse procedimento, coloca-se o soro fisiológico nesse ponto e há uma soltura da pressão desse ligamento que é onde ele cicatriza e o paciente vai ao longo do tempo melhorando a dor. Junto a esse tratamento, é necessário o ganho de força e função muscular por isso a importância do trabalho da fisioterapia em conjunto com o tratamento da lesão do ligamento colateral medial até o reestabelecimento e retorno pleno ao esporte.

II. Lesão do Menisco Medial

No joelho existem dois meniscos com o formato de um “C”. O menisco medial tem uma característica muito importante: é menos móvel do que o menisco lateral, é um pouco mais duro e ajuda na estabilização do ligamento cruzado anterior.

O menisco aumenta a estabilização no joelho, absorve o impacto ao saltar, por exemplo e os meniscos podem ser rompidos de duas formas clássicas:

Um entorse, por exemplo, em um atleta jogando vôlei, basquete, futebol e vira o joelho. Essa lesão do menisco pode não estar ligada a lesão do ligamento cruzado anterior, por exemplo. Essa lesão do menisco em uma pessoa mais jovem demanda uma tentativa de sutura para preservação do menisco.

Existe também a lesão degenerativa do menisco, que após os 40 anos, entre os 40 e 50 anos de idade, nosso corpo começa a sofrer algumas alterações. Começamos a perder água, existem as chamadas alterações do colágeno e o menisco fica de certa forma mais frágil.

O movimento banal, que é por exemplo agachar para fazer um serviço doméstico, girar o joelho para sair do carro, nesses casos o menisco pode se lesionar e pode ter uma lesão que ele pula para fora do lugar, chamado de lesão intrusa ou lesão complexa. Uma característica desse tipo de lesão é que o paciente não sabe especificar quando aconteceu. Geralmente existe um inchaço muito grande no joelho que pode ser causado tanto por sangramento quanto por reação inflamatória do menisco degenerado ou sobrecarga dos ossos da tíbia e fêmur no menisco pelo fato do menisco estar perdendo função. Pessoas propensas as ter essa lesão são as que possuem o chamado joelho em Geno Varo. Desde pequeno o joelho já está sobrecarregado e em algum momento da vida, especialmente pessoas com sobrepeso, ele pode pular fora do lugar.

A maioria dessas lesões não demandam tratamento cirúrgico. Primeiro é necessário tentar um tratamento conservador com fisioterapia, infiltração no joelho, drenar o líquido e a maioria das pessoas melhoram sem a cirurgia, deixando essa possibilidade apenas para a pequena parcela da população que não se beneficia do tratamento conservador.

III. Causas não traumáticas

Lesão Cartilaginosa e artrose do Côndilo Femoral Medial

Quando o menisco perde a função, essa cartilagem começa a aumentar a pressão em até lesão cartilaginosa do Conde no femoral Medial que na região de dentro do joelho bem na parte de cima do chamado fêmur então a gente sabe que quando o menisco pede a função essa cartilagem começa a aumentar a pressão e segundo alguns estudos esse aumento de pressão chega na ordem de 300% e começa a necrosar, é o que chamamos de condrólise (morte e fragmentação da cartilagem). Esses casos necessitam de tratamento rápido tanto com medidas como a infiltração ou com a fisioterapia.

Em casos extremos a cirurgia cartilaginosa será necessária e existem técnicas regenerativas, como por exemplo a Membrana de Colágeno, técnicas de transplante de membrana como a Mosaicoplastia. Em alguns casos, com as alterações de eixo, que é a retirada de peso da região doente e colocar na região de fora numa cirurgia chamada Osteotomia Tibial Valgizante.

Tendinite da Pata de Ganso

Quando existe um caso de tendinite normalmente está ligada à fraqueza ou disfunção da musculatura. O músculo faz uma contração no padrão de contração excêntrica que demanda força e quando o músculo não funciona direito e fica sobrecarregado, primeiro inflama e depois começa a morrer e essa morte é chamada de Degeneração.

A Tendinite da Pata de Ganso não é diferente. Os tendões que correm na região atrás do joelho, chamados de Isquiotibiais, nascem próximo ao glúteo numa região chamada de forame isquiático, desce na parte posterior da perna e faz uma curva na região interna do joelho são os chamados Tendões Patas de Ganso (composto pelos músculos sartório, grácil e semitendíneo). Se o músculo não está funcionando de maneira correta, acabam inflamando, degenerando e gerando uma espécie de bursite localizada e o tratamento não é eficaz se não houver um fortalecimento da musculatura.

A Infiltração Guiada por Ultrassom, ao colocar uma agulha guiada por um ultrassom, fazendo um chamado drilling, que é uma forma de perfurar o tendão estimulando a regeneração e proporcionando o alívio dos sintomas.

Síndrome da Plica Sinovial Medial

Na região de dentro da patela, para auxiliar o deslize da lateral do fêmur, chamada de tróclea femoral existe uma membrana chamada de Plica Sinovial Medial. Todos nascem com a plica sinovial medial, mas algumas pessoas a possuem de forma menos ou mais espessa. A síndrome geralmente é desencadeada em pessoas que estavam sedentárias e aumentaram muito o volume de treinamento. Ou pessoas muito ativas que pararam por um tempo e voltaram a se movimentar. É uma síndrome ligada à sobrecarga de treinamento e trabalho e é parecia com a condromalácia, apesar de não necessariamente existir uma correlação entre uma e outra.

A Plica Sinovial sofre uma reação inflamatória muito grande, gera inchaço local, estalido ao subir e descer escadas, dor forte na região de dentro do joelho. Em alguns casos a Plica pode fibrosar, especialmente em pessoas acima de 45 anos e pode existir necessidade de tratamento cirúrgico. O diagnóstico é feito com a história clínica, ouvindo a queixa do paciente, buscando os achados no exame físico e analisar não só o laudo dos exames de imagem, mas todo o contexto.

O tratamento dessa síndrome está focado na fisioterapia com ganho excêntrico da musculatura anterior do joelho, chamado de quadríceps. A função do quadríceps deve ser melhorada e a patela deve correr no trilho de maneira harmônica, sem ficar lateralizando de um lado para o outro para não causar irritação da plica sinovial. Em casos extremos, de muito desconforto, é indicado a infiltração guiada por ultrassom. Quando a plica está fibrosada é possível fazer uma artroscopia e fazer a remoção cirúrgica.

Síndrome do Aprisionamento do Nervo Safeno

O nervo safeno leva a informação sensitiva, a sensação do toque, da região interna da perna até o nosso cérebro e o caminho desse nervo que leva a sensação até o cérebro pode ter uma interrupção em algum momento. Isso pode acontecer por traumas agudos, como por exemplo, uma queda com trauma do joelho no chão, entorse, ou pessoas que tiveram aumento da musculatura de forma muito rápida como fisiculturistas.

Esse nervo acaba ficando preso principalmente numa região chamada de canal dos adutores e gera uma dor neuropática. É uma dor muito forte não necessariamente ligada ao grau do traumatismo e na grande maioria das vezes a RM não diz nada. O teste diagnóstico, com bloqueio do nervo para avaliar se há melhora da dor mostrando que a dor realmente está vindo do nervo safeno ou em alguns casos é necessário a descompressão de maneira cirúrgica realizada pela especialidade chamada neurocirurgia.

Eu tratei, de forma mais profunda, sobre este tema, neste vídeo do meu canal do YouTube:

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