Como já dito em outros artigos, doenças da cartilagem também conhecidas como condropatias estão intimamente ligadas a distúrbios biomecânicos que, se não identificados e corrigidos, vão levando à erosão das 4 camadas da cartilagem articular e o local afetado está intimamente ligado ao esporte praticado.

Um corredor de rua costuma ter lesões na patela ou na área de tróclea, enquanto que um lutador de judô pode sofrer uma lesão em uma área mais abaixo, chamada de côndilo femoral.

 

Diferenças entre os sintomas de condropatia

Os sintomas das condropatias incluem dor, inchaço (água no joelho), atrofia muscular, sensação de travamento e sensação de algo solto no joelho. Eles melhoram com repouso e se agravam com movimentos como subir escadas e ladeiras, agachar e correr.

Um assunto sempre muito questionado é a correlação de sintomas com o grau da destruição cartilaginosa. Mas será que realmente a perda cartilaginosa leva a sintomas concomitantes?

A resposta é sim e não.

Sim, quando a destruição cartilaginosa é focal e está intimamente ligada a erros de treinamento e distúrbios anatômicos e biomecânicos. Não, quando a perda cartilaginosa está simplesmente ligada ao envelhecimento e não necessariamente aos sintomas do paciente.

Quando a resposta é sim e existe correlação dos sintomas do paciente com os exames de imagem, utilizamos as classificações internacionais de lesão cartilaginosa como método de evolução da condropatia.

 

Classificação dos Graus de Condropatia 

A classificação do grau da perda de cartilagem leva o nome do autor Outerbridge. Ela é dividida em 04 graus, que podem ser identificados por exames de imagem, principalmente pela ressonância magnética.

Este sistema de classificação foi originalmente concebido para artroscopia e, inicialmente, serviu para a avaliação de condromalácia patelar. Contudo, depois foi modificado e estendido para as superfícies condrais do corpo todo. Confira a seguir:

 

Grau I 

Nas imagens existem áreas focais de hiperintensidade com contorno normal com  amolecimento ou inchaço da cartilagem. Os sintomas da condropatia de grau 1 costumam ser mais brandos e incluem estalidos e crepitação com crises leves de dor que melhoram ao repouso.

Em geral, as pessoas ficam bem por semanas e acabam recidivando quando exageros ocorrem. Neste grau, quase nunca há derrame articular (água no joelho), e dificilmente a doença cartilaginosa leva à inibição muscular.

A grande maioria das pessoas melhora apenas com o protocolo simples de reabilitação e quase nunca uma intervenção médica é necessária.

 

Grau II

Nas imagens existem edema semelhante a bolhas, desgaste da cartilagem articular, estendendo-se para a superfície com fragmentação e fissura dentro de áreas moles da cartilagem articular.

Os sintomas da condropatia de grau 2 são muito semelhantes ao grupo 1, mas costumam ser mais intensos, com crises mais duradouras de dor, já surgindo queixas ligadas à inibição muscular como travamento e falseio.

Algumas crises de inchaço leve no joelho podem ocorrer, e a maioria das pessoas melhora apenas com o protocolo simples de reabilitação.

 

Grau III

Nas imagens existem perda de cartilagem de espessura parcial, com ulceração focal artroscopicamente, e perda de cartilagem de espessura parcial com fibrilação (aparência de “carne de caranguejo”).

Os sintomas da condropatia de grau 3 são mais severos. O joelho costuma inchar aos mínimos esforços como por exemplo uma volta ao quarteirão. Em geral, pacientes se sentem “obrigados” a utilizar joelheiras em atividades banais do dia a dia como subir escadas. Faxinas e brincadeiras com animais tornam-se impossíveis.

Portanto, a intervenção médica é necessária tanto com métodos como infiltração articular com ácido hialurônico, associado não a produtos, quanto a intervenção cirúrgica.

 

Grau IV

Nas imagens existem perda de cartilagem de espessura total com alterações reativas ósseas subjacentes com destruição da cartilagem com osso subcondral exposto.

Este é considerado o último grau das condropatia e o estágio inicial de uma degeneração articular generalizada, denominada de artrose. De modo geral, os casos demandam tratamentos cirúrgicos como a membrana de colágeno ou a mosaicoplastia. Raramente intervenções pequenas como a viscossuplementação conseguem ter sucesso.

A Sociedade Internacional de Reparo de Cartilagem (International Cartilage Repair Society) preconiza o tratamento precoce de qualquer lesão cartilaginosa, visando não só o ganho de qualidade de vida do paciente, mas também para evitar que a doença progrida, principalmente em pacientes jovens.

Para evitar a evolução das condropatias, independentemente do grau, é importante ter um bom acompanhamento multidisciplinar. Dessa forma, médicos, fisioterapeutas e profissionais de educação física trabalham em conjunto e os resultados costumam ser favoráveis.

 

Confira esse vídeo no meu canal e aprenda mais:

 

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8 Comentários

  1. Boa tarde , a ressonância confirmou que estou c condropatia grau 3 no joelho direito no esquerdo de grau 2 . Preciso de orientação no que devo fazer ?

  2. Boa noite Dr. Adriano Leonardi,
    Fiz um exame de ressonância e deu resultado com, Edema no coxim adiposo suprapatelar, e Revestimento cartilaginoso de ambas as facetas patelares com focos de Edema, compatível com condropatia grau I,
    E menisco medial com degeneração mucóide do corno posterior,
    Nus meus dois joelho Direito/Esquerdo.

  3. Dr.,

    Laudo da ressonância foi Condropatia I em ambos joelhos, sou poliesportiva, estou com muito receio de não conseguir mais correr, o ortopedista que me orientou passou um protocolo de 4 meses com colágeno, e fortalecimento.

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