Colágeno Tipo 2 para artrose tem efeito benéfico? Será que ele previne a Artrose? Será que ele previne uma degradação da cartilagem?

Antes de falar sobre o efeito do colágeno é importante lembrar sobre a cartilagem que é um tecido de 4 camadas  que age como uma grande almofada que existe entre os nossos ossos.


Ele absorve energia cinética e transmite para os ossos. O grande problema da cartilagem é que é um tecido que tem pouca célula e muita matriz extracelular, então ele é um tecido que uma vez lesionado dificilmente consegue cicatrizar através de mecanismos naturais do nosso próprio corpo.colageno tipo 2 para artrose

 

O que é o colágeno tipo 2?

 

O colágeno é um tecido altamente especializado com potencial praticamente zero de cicatrização. Além disso, todos com a idade próxima a 60 anos de idade já têm algum grau de degeneração articular e a maioria não sente nada: chamamos isso de Artrose. A Artrose seria o estágio final da doença cartilaginosa que chamamos em medicina de Condropatia.

O tratamento tanto da doença cartilaginosa em estágio inicial quanto o estágio final da artrose envolve tratamentos não-cirúrgicos e cirúrgicos. Na verdade, o tratamento dessas doenças cartilaginosas é muito controverso e os protocolos são muito desencontrados na literatura no mundo todo.

 

Colágeno tipo 2 é um nutracêutico para a artrose?

 

Quando pensamos em um tratamento não cirúrgico a primeira linha que aparece é uma classe de medicamentos chamados de Nutracêuticos.

Nutracêutico seria alguma coisa que você toma principalmente de maneira diária que vai agir no seu corpo e que vai agir em qualquer órgão, não só cartilagem. Existe, por exemplo, o Ômega 3 que está ligado à saúde do nosso coração e ao metabolismo do colesterol e longevidade. Portanto, existem diversos estudos que falam a favor do benefício do uso diário do Ômega 3 em doses altas, doses baixas etc… mas quais são os nutracêuticos que são usados para cartilagem?

 

Leia também: Exercícios para quem tem artrose

 

Ao fazer uma revisão na literatura existem pelo menos 22 tipos descritos, o principal e mais famoso, mais comercializado é a tal da Glicosamina e Condroitina. Historicamente foram os primeiros que saíram.  

Ao jogar um medicamento no mercado temos que fazer diversos estudos para ver se aquilo realmente funciona. Quanto melhor o estudo, quanto melhor o delineamento do estudo científico, quanto melhor a revista científica em que o estudo publicado, melhor a chance daquele tratamento que está sendo passado para o paciente tenha o efeito.

Assim, quanto melhor a evidência científica, melhor a chance daquele procedimento ou daquele medicamento agir e realmente ter o efeito desejado.

E o que isso quer dizer?

 

Um dado importante sobre os Nutracêuticos de uso articular é que eles agiriam no que chamamos de Cascata Inflamatória da Doença Cartilaginosa. Em Medicina chamamos de Sinovite Artrítica. Ela é uma inflamação crônica dentro da articulação que a longo prazo, vai destruindo articulação e levando a degeneração e pode levar, por exemplo, a incidência de artrose no joelho

Hoje, o estudo da Artrose está focado justamente nessa reação inflamatória e em como a redução dela diminui e modifica a evolução da doença.

 

Leia também: Artrose do joelho: Quais são os sintomas?

 

Ao contrário do que muita gente pensa e ao contrário do que é veiculado em propagandas na televisão, a grande maioria deles não são produtos naturais e sim, são produtos sintéticos, são remédio e todo o remédio pode levar efeitos colaterais indesejados principalmente a longo prazo.

 

Glicosamina e Condroitina: regeneram a cartilagem?

Sobre a Glicosamina associada ou não à condroitina, a ciência provou através de estudos científicos nível 1 de evidência (metanálises) SEM O PATROCÍNIO DA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA nos últimos 20 anos de que ela não funciona, que ela traz diversos efeitos colaterais e a Associação Americana de Cirurgiões Ortopédicos recomenda fortemente o não uso dela e a Sociedade Internacional de Estudo da Osteoartrite diz que ela não funciona e que se o paciente estivesse realmente sentindo um benefício do uso dela, deve ser estendido até no máximo 6 meses de vida os efeitos colaterais.

 

Colágeno tipo 2: para que serve?

 

Sobre o colágeno o Colágeno: vem de uma palavra egípcia chamada Kollar. No Egito Antigo eles pegavam os tendões dos animais,  cozinhavam e já ingeriam. A ideia era de que o colágeno teria algum efeito sobre as articulações e sobre a pele.

Existem hoje descritos 12 tipos de colágeno. O mais prevalente que temos na nossa cartilagem é o chamado Colágeno Tipo 2 e hoje em dia os colágenos comercializados dividimos entre hidrolizado e não-hidrolizado. O não-hidrolizado é o que teria o efeito antigênico na cascata inflamatória, então ele agiria reduzindo o que chamamos de Interleucinas que levam à degradação cartilaginosa. 

 

Mas será que o UCII  (Colágeno tipo 2) realmente funciona para a artrose?

 

Os poucos estudos que existem mostram uma melhoria de 33 a 40% de dor e melhoria de mobilidade articular, redução do uso de analgésicos de resgate ou seja, a pessoa que usa essa medicação tende a reduzir o uso de remédios para controle de dor. Além disso, os resultados quando foram feitos comparados com a Glicosamina e Condroitina tenderam a ser superiores.

Uma coisa que é muito importante para finalizarmos a respeito do Colágeno é que o uso dele deve ser racional. Todo Nutracêutico deve ter uso racional! O que seria isso?
Como não existe evidência científica, como são medicações caras e podem trazer efeitos colaterais que a grande maioria das pessoas não sabem, ele deve ser sempre o último recurso. 

 

Desgaste no joelho: o que fazer para reduzir?

Ao tratar uma artrose, uma doença cartilaginosa de maneira não-cirúrgica, temos que fazer como se fosse um bolo, aqueles bolos de casamento. Então a base do bolo é perder peso, alterar hábitos de vida, se alimentar melhor, comer melhor, isso tem impacto direto sobre a doença cartilaginosa. O segundo degrauzinho seria modificar doença, então existem diversas intervenções médicas que podem modificar doença. Hoje, com melhor evidência científica é o uso do Ácido Hialurônico, em particular que é chamado de Viscossuplementação. 

 

Estudos apontam que a prática esportiva tem a maior evidência na redução do desgaste da cartilagem que qualquer nutracêutico

Existem diversos produtos, diversas associações e cada produto e cada associação tem indicação para um tipo de paciente e por um tipo de degeneração cartilaginosa.

A cerejinha do bolo seriam os Nutracêuticos.

Eles devem ser sempre o último recurso no tratamento de uma de uma doença articular pois são muito caros e tem efeitos colaterais e resultados ainda duvidosos.

Ele nunca deve ser usado como monoterapia, ou seja, chegar para um paciente e falar “você vai melhorar só usando isso” é grande erro. O grande problema é que vai levar efeitos colaterais e vai eventualmente levar um gasto desnecessário pois são produtos muito caros.

Toda vez que for prescrito, deve ser discutido e deve ser triados doenças prévias do paciente. Um paciente que tenha por exemplo uma tendência ter Diabetes, esse paciente jamais deve usar Glicosamina porque já existe uma tendência a subir demais o açúcar dessa pessoa no sangue e levar uma pré-diabetes ou uma diabetes.

Manipulação de nutracêuticos

 

Através da manipulação é possível associar diversos Nutracêuticos como por exemplo a Diacereína. Ao manipular o Colágeno tipo 2 é importante associar à Vitamina C. A vitamina C em doses baixas como 50 ou 100mg, aumenta a absorção do Colágeno no trato gastrointestinal. Ela aumenta a biodisponibilidade no nosso sangue ou disponibiliza mais colágeno no sangue para teoricamente agir na cartilagem. 

Além disso, com a manipulação há a redução do preço final dessa medicação e em todo tratamento de doença crônica é necessário pensar no orçamento final para o paciente porque o uso dessas medicações são muito caras e às vezes inviabiliza um tratamento a longo prazo.

Lembrando que o melhor investimento que existe ao tratar uma doença cartilaginosa é na equipe de saúde. Ela deve ser formada com o nutricionista, médico, fisioterapeuta e profissional de educação física.

Essas são as pessoas para ajudar a contornar essa doença. Em muitos casos, o paciente que já tem a indicação de tratamento cirúrgico consegue postergar ou adiar ou até evitar uma cirurgia dessa.

 

Neste vídeo, eu falo mais sobre este tema!

 

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11 Comentários

  1. Boa tarde Dr. Adriano!
    Meu nome é Fátima, fui diagnosticada por um médico ortopedista, e agora lendo suas postagens, fiquei realmente cheia de dúvidas, meu médico me diagnosticou através de raio-x, não tenho inchaço nos joelhos, muita dor pra agachar, o q aliás meu agachamento é acima do agachamento total, ao me abaixar a dor é grande e hoje sei q tomei remédios q foram caros, não tenho plano de saúde, logo tudo é caro.
    E minha dúvida é: Artrite ou Artrose?
    Faço academia, musculação, evitando peso e exercícios de alto impacto!
    Muito obrigada!!

  2. Boa tarde Doutor,

    Tenho 68 anos e peso 60 k, tendo eu 1, 55 de altura sei que preciso emagrecer um pouco, mas tenho irmãs com o mesmo problema e eram magras, e mesmo sofrendo de artrozes nas ancas e joelhos, que é o meu caso, mesmo com artrozes foram aconselhadas a engordar para tratar a osteoporose. Será verdade que quanto mais magras mais tendencia para osteoporose?

    Obrigada Doutor;

    Maria Costa

  3. Dr.Adriano, tenho dores cervical e lombar, na época o médico informou eu tenho discopatia degenerativa eu posso tomar colágeno tipo2 e aconselhável porém sinto muitas dores p corpo todo, obrigado

  4. Bom dia, Dr Adriano.
    Tenho 36 anos, e após uma corrida senti dores na parte externa do quadril, no trocanter, lado esquerdo, e como não passou após 48 horas fui procurar um ortopedista. Na consulta ele fez uns testes de mobilidade onde constatou limitação (que ele chamou de bloqueios) nos movimentos da perna esquerda e uma radiografia. Quando recebeu o exame de raio-x ele me disse que eu tinha um desgaste na cartilagem do quadril e que se continuasse assim talvez fosse necessária uma cirurgia daqui 50 anos. Receitou colágeno UC-II com MSM por 2 meses e caso sentisse dores um anti-inflamatório por 7 dias. Fiquei em dúvida sobre minha condição. Se vou poder voltar a correr (mesmo que seja leve). Ajuda na minha saúde mental.

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